A visita, cujo programa oficial está ainda por definir -- Tebboune chega na tarde de segunda-feira a Lisboa --, acontece cerca de uma semana depois da realização, em Argel, da 6.ª sessão do Grupo de Trabalho Conjunto de Cooperação Económica Luso-Argelina.
Na reunião em Argel esteve presente o ministro da Economia e do Mar português, António Costa Silva, que manifestou o desejo de Portugal quintuplicar o investimento na Argélia ao longo dos próximos cinco anos.
Segundo noticiou então a imprensa argelina, Costa Silva afirmou que a Argélia "é uma parceira fundamental e credível num mundo cada vez mais incerto a nível económico e geopolítico" e que Portugal pretende aumentar e diversificar os investimentos na Argélia em vários setores de atividade, tais como obras públicas, finanças, indústria, produção farmacêutica, hidráulica, agricultura, energia e transportes.
Segundo reportou o diário argelino El Watan, também na ocasião, o diretor-geral da Agência Argelina de Promoção do Investimento (AAPI), Omar Rekkache, referiu que os investimentos portugueses na Argélia "continuam a ser reduzidos" e que "estão longe de refletir a excelência das relações bilaterais" e "os profundos laços de amizade que unem os dois países".
Até 2022, houve apenas oito projetos de investimento portugueses, apesar de a Argélia contar com cerca de 80 empresas portuguesas no ativo, maioritariamente em setores estratégicos.
Argel insiste, agora, em orientar alguns investimentos portugueses para as indústrias agroalimentar e transformadora, tendo sido, segundo o El Watan, essa a vontade manifestada pelo ministro da Economia argelino, Tayeb Zitouni.
Zitouni, prossegue a imprensa argelina, apresentou ao homólogo português as virtudes do novo código de investimento, que contém incentivos e vantagens comparativas para os investidores estrangeiros, defendendo a "intensificação dos esforços para construir parcerias baseadas no princípio do 'win-win'".
O ministro da Economia argelino referiu a necessidade de consolidar a dinâmica comercial com Portugal através do aumento das trocas comerciais, que rondam os 450 milhões de euros, volume que, disse, "permanece abaixo do potencial existente entre os dois países".
A Argélia é o mais importante fornecedor de energia a Portugal, com um volume anual que cobre 40% das necessidades.
Por outro lado, o ministro da Indústria e da Produção Farmacêutica argelino, Ali Aoun, expressou o desejo de a Argélia reforçar a cooperação com Portugal para "uma parceria mutuamente benéfica" num setor em que Argel produz 70% dos medicamentos consumidos no país, o que tem permitido reforçar a segurança sanitária da região.
Nas últimas décadas, a Argélia tem vindo a afirmar-se no setor farmacêutico, em África. No ano passado, as cerca de 200 unidade de produção produziram mais de 2.500 milhões de euros em medicamentos.
Definida na 6.ª sessão do Grupo de Trabalho Misto ficou também a decisão de desenvolver o setor das Obras Públicas e das Infraestruturas Básicas, havendo vontade mútua de reforçar as relações empresariais.
"Portugal é um parceiro estratégico para a Argélia, daí a necessidade de trabalhar no reforço da coordenação e na consolidação das relações económicas, nomeadamente no domínio das infraestruturas básicas", afirmou ministro das Obras Públicas e Infraestruturas argelino, Lakhdar Rakhroukh.
Antes do início dos trabalhos da 6.ª sessão do Grupo de Trabalho Misto, Costa Silva foi recebido pelo primeiro-ministro argelino, Aimene Benabderrahmane, em que foram analisadas os prazos de investimento que os dois países estão a preparar e sublinhada a "vontade comum de desenvolver a cooperação bilateral".
Em cerca de um ano, e além de Costa Silva, dois outros ministros portugueses, deslocaram-se à Argélia, ambos na qualidade de chefe da diplomacia: Augusto Santos Silva, agora Presidente do Parlamento, em março de 2022, e João Gomes Cravinho, que visitou o país em outubro do ano passado.
Durante a estada em Portugal, Tebboune, cujo programa oficial definitivo deverá ser divulgado segunda-feira, terá encontros com os presidentes portugueses da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Parlamento, Augusto Santos Silva, bem como com o primeiro-ministro, António Costa.
Para já, sabe-se que o chefe de Estado argelino também manterá um encontro com o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e participará, quarta-feira, no Fórum Económico Portugal/Argélia, evento promovido pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
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