Em declarações à Lusa após uma reunião no Ministério da Justiça - na qual esteve com a ministra Rita Alarcão Júdice, a secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Maria Clara Figueiredo, e a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido -, Miguel Gonçalves lembrou que a revisão da carreira "já se arrasta há décadas", mas manifestou a expectativa de que o processo negocial fique concluído até ao final deste ano.
"Ficou já o compromisso de dia 28 nos dizerem qual o rumo que as carreiras vão tomar e no mês seguinte já temos uma reunião marcada para dia 15, mas, eventualmente, até podemos reunir antes com o Ministério da Justiça. Essas reuniões serão já no sentido de começar negociações e o processo de transição para essa nova carreira", disse, continuando: "No dia 28 será já uma decisão final [se esta carreira vai ser especial ou geral]".
Questionado sobre a visão que o SinDGRSP tem para a carreira destes técnicos, o líder sindical assumiu que há "vantagens e desvantagens" nos dois cenários, embora tenha destacado o cariz específico das funções e do contexto destes profissionais.
"São trabalhadores que trabalham em contexto de reclusão, em contexto de centros educativos, totalmente fechado na vigilância eletrónica, nas equipas de reinserção, com populações muito específicas. Não há nada aqui que seja geral", observou.
Reiterou também que "o Governo não se comprometeu" com as propostas defendidas pelo sindicato e que a direção do SinDGRSP ainda vai avaliar uma eventual suspensão da greve em curso nos estabelecimentos prisionais do Porto.
Miguel Gonçalves salientou igualmente a importância de uma atualização das condições salariais dos técnicos de reinserção e alertou para o que considerou ser o mau funcionamento atual da vigilância eletrónica e para o fecho de "unidades em centros educativos quando há cada vez mais jovens internados", assegurando até que "já há listas de espera para internamento" nestas instalações.
"Têm ordenados completamente ridículos e desadequados. O salário mínimo aumentou nos últimos seis ou sete anos, ganhavam o dobro do salário mínimo e hoje ganham 1,60 euros acima do salário mínimo. A dificuldade de recrutar é tanta que no último concurso só conseguiram recrutar oito pessoas. (...) É miserável", sentenciou.
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