"Grande-mal estar" das universidades é a "'hiper burocracia'"

O ex-candidato presidencial Sampaio da Nóvoa afirmou hoje que "o grande mal-estar" que se vive atualmente nas universidades e no meio científico prende-se com a "híper burocracia" a que os professores e o sistema de ensino estão sujeitos.

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Lusa
01/03/2016 21:53 ‧ 01/03/2016 por Lusa

País

Sampaio da Nóvoa

António Sampaio da Nóvoa, que se candidatou às eleições presidenciais de janeiro e que deram a vitória a Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta, falava na apresentação do livro "08/03/08: Memórias da Grande Marcha dos Professores", da autoria de Paulo Guinote, que decorreu numa livraria hoje em Lisboa.

Durante a sua apresentação, a primeira intervenção pública desde as eleições presidenciais, Sampaio da Nóvoa destacou "duas dimensões que estão nesta marcha" de professores, de 8 de março de 2008, "de forma consciente ou não": por um lado, a perceção pelos professores de "uma emergência de uma híper burocracia" no sistema educativo e, por outro, uma "grande indefinição" quanto à missão da educação e dos professores.

O professor universitário afirmou que havia já em 2008 "uma perceção da parte dos professores de que alguma coisa vai acontecer de seguida e que está hoje a atingir de maneira brutal o meio científico e as universidades, que é uma emergência de uma híper burocracia".

Sublinhando que esta linguagem "que vem do mundo das consultoras, das prestações de contas e da competência da gestão" é uma "linguagem contra quem ninguém pode estar", Sampaio da Nóvoa reconheceu que esta burocracia é "muito mais barata do que a burocracia tradicional e é também muito mais fácil".

Isto porque, acrescentou, no passado, "tinha de se mandar um inspetor, que tinha de se deslocar de carro a Bragança e tudo isto custava dinheiro", ao passo que "hoje, num segundo, se consegue controlar esse mesmo professor e com uma eficiência muito maior".

"O grande mal-estar que estamos a viver hoje no espaço científico e universitário tem precisamente a ver com isso. Os professores pressentiram [em 2008] a emergência desse outro mundo, de um controlo burocrático e avaliativo que não se traduz propriamente numa avaliação do mérito", afirmou o também antigo reitor da Universidade de Lisboa.

Sampaio da Nóvoa apontou ainda uma "segunda consequência" da marcha de professores, de março de 2008, que é "a perceção de que estes fenómenos aconteceram porque há também hoje uma grande indefinição do que é a missão da educação e das escolas e, por inerência, qual é a missão dos professores".

O professor disse que "não se sabe muito bem em que sentido é que isto vai", referindo que "em todo o mundo há uma certa dificuldade em perceber o que se espera" dos professores.

Em breves declarações à Lusa no final da apresentação do livro, Sampaio da Nóvoa disse que vai estar na cerimónia de tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República, a 09 de março, e não adiantou o que pretende fazer a nível profissional no futuro.

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