MAI desvaloriza distribuição de golas inflamáveis em zonas de incêndio

Eduardo Cabrita chegou mesmo a bater com o dedo nos microfones dos jornalistas para explicar que as bolas de vento que cobrem estes objetos também são “inflamáveis”. Mas, afinal, para que servem as golas antifumo? "Não são de combate" nem de "proteção individual", são material "de informação e de sensibilização".

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Natacha Nunes Costa
26/07/2019 12:29 ‧ 26/07/2019 por Natacha Nunes Costa

Política

Eduardo Cabrita

Visivelmente consternado, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, decidiu, esta sexta-feira, não esclarecer a decisão de distribuição, por parte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, de golas inflamáveis em zonas de risco de incêndio.

O governante diz que “é absolutamente lamentável e inadmissível” a polémica e que é “irresponsável” a forma como a comunicação social o está a abordar o assunto. Dizendo mesmo que esta é "alarmista".

Eduardo Cabrita disse ainda que “é fundamental esclarecer que este não é material de combate a incêndios”, mas preferiu não responder à pergunta: “Então porque foram distribuídas?”.

O ministro adianta apenas que a Autoridade Nacional de Proteção Civil “dará todas as indicações e esclarecimentos daquilo que são matérias da sua competência”.

Golas antifumo? "Não são de combate nem de proteção individual. Trata-se de material de informação e sensibilização"

Eduardo Cabrita tentou ainda sublinhar a importância do programa 'Aldeias Seguras' 'Pessoas Seguras' que está em curso em mais de 1.600 aldeias do país, assegurando que a distribuição das golas antifumo "não põe em causa" nem o projeto nem a segurança das pessoas.

Nestas curtas declarações aos jornalistas, a partir de Mafra, onde assistiu à celebração do contrato de cooperação Interadministrativo com o município para a construção dos Postos Territoriais da GNR do Livramento e Malveira, o ministro protagonizou um momento insólito. Bateu com o dedo nos microfones dos jornalistas para explicar que as bolas de vento que cobrem estes objetos também são “inflamáveis”.

"Temos um ministro da propaganda que é um perigo para os portugueses"

Em reação a esta polémica, o deputado Duarte Marques comentou, em declarações à agência Lusa, a reação do Governo considerando ser "tão inacreditável como a situação em si. O senhor ministro culpa os autarcas por fazerem o seu trabalho, fica incomodado com perguntas dos jornalistas, quando a irresponsabilidade do que aconteceu é entregar material inflamável a pessoas supostamente para as proteger".

Se foi uma manobra de 'marketing' ou 'merchandising', foi uma manobra muito infeliz e muito irresponsávelO deputado social-democrata eleito por Santarém sublinha que "o Governo gastou quase 200 mil euros numa manobra de 'marketing'", defendendo que esse dinheiro seria "muito melhor aplicado" dando meios aos bombeiros, que ainda têm verbas em atraso para receber.

"Temos um ministro da propaganda, que devia ser ministro da Administração Interna, que é um perigo para os portugueses, porque este material é altamente inflamável, não pode ser usado pelas pessoas no fogo", reforçou.

Por isso, o PSD exige que "de imediato" o Governo esclareça se já mandou recolher estes lenços em material inflamável e que garanta que "não voltarão a ser usados", considerando que "são um perigo para as pessoas". "Se foi uma manobra de 'marketing' ou 'merchandising', foi uma manobra muito infeliz e muito irresponsável", acusou.

Para o PSD, acrescentou, "mais do que acusar ou responsabilizar, a primeira prioridade é garantir que este material é recolhido pelo Governo". "O senhor ministro da Administração Interna, que devia ser o principal responsável pela segurança das pessoas, anda literalmente a brincar com o fogo e isso não é admissível em Portugal", disse.

Proteção Civil 'em campo' com esclarecimento (pouco claro)

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) esclarece que as golas antifumo distribuídas no âmbito do programa 'Aldeia Segura' destinam-se apenas "a movimentos rápidos de retirada de pessoas em caso de incêndio" e que a sua segurança não está em causa.

Os programas ‘Aldeia Segura’ e ‘Pessoas Seguras’ "(…) visam capacitar as populações no sentido de reforçar a segurança de pessoas e bens, mediante a adoção de medidas de autoproteção, e a realização de simulacros aos planos de evacuação das localidades”.

Neste sentido, prossegue a Proteção Civil, “foram produzidos e distribuídos diversos materiais de sensibilização, designadamente o Guia de Implementação dos Programas, os Folhetos de Sensibilização multilingues, a Sinalética identificativa de itinerários de evacuação e de locais de abrigo ou refúgio e os kits de emergência".

Mas, esclarece, os materiais em causa “não assumem características de equipamento de proteção individual, e muito menos de combate a incêndios”. Então, qual o seu papel? “Trata-se sim de material de informação e sensibilização sobre como devem agir as populações em caso de incêndio, aumentando a resiliência dos aglomerados populacionais (...)", frisa a Proteção Civil.

Recorde-se que esta sexta-feira, o Jornal de Notícias revelou que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, que custaram 125 mil euros, foram entregues pela proteção civil no âmbito dos programas 'Aldeia Segura' e 'Pessoas Seguras'..

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