Rui Rio sugeriu este domingo, através do Twitter, que a realização de eleições legislativas a 30 de janeiro influenciou a detenção do ex-banqueiro João Rendeiro, no sábado, na África do Sul.
"O diretor da PJ deu uma conferência de imprensa de manhã. Depois esteve na RTP às 13h, na CMTV às 17h, na CNN às 19h e, exibindo o seu dom da ubiquidade, conseguiu estar às 20h, ao mesmo tempo, na SIC e na TVI. Pelos vistos, o azar de João Rendeiro foi haver eleições em janeiro", escreveu.
Isabel Moreira considerou, numa publicação feita no Facebook, que Rui Rio fez uma sugestão "embaraçosa" para ele próprio. Porfírio Silva acusou o líder do PSD de "falta de sentido de Estado".
O presidente da Federação Distrital do Porto do PS, Manuel Pizarro, também criticou Rui Rio, considerando que o líder social-democrata ficou "zangado" com o sucesso da PJ.
Sobre a associação feita por Rio entre a detenção de João Rendeiro e a aproximação das eleições legislativas, o Presidente da República refutou e considerou que quem a faz não conhece o que é uma investigação criminal e as dificuldades que implica quando atravessa fronteiras e países.
"É não ter noção", diz Presidente
"É não ter noção que implica tantas diligências e processos complicados envolvendo países que são soberanos e com as suas autoridades judiciárias e, portanto, não se faz de um momento para o outro", disse. Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda que uma situação destas não é possível prever, faz-se quando é possível fazer-se desde que se persista e se ultrapasse obstáculos.
A posição do líder social-democrata divergiu dos elogios que foram feitos à Polícia Judiciária (PJ) ao longo do espetro político-partidário, pelo primeiro-ministro, António Costa, pelo secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, pela coordenadora do BE, Catarina Martins, pela direção do Chega e pelo presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo.
Em conferência de imprensa no sábado, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, revelou que João Rendeiro foi detido às 07h00 locais (05h00 em Lisboa) na República da África do Sul, onde chegou no dia 18 de setembro, adiantando que o ex-banqueiro reagiu com surpresa à detenção "porque não estava à espera".
O objetivo agora é "decretar o cumprimento da prisão" do ex-banqueiro, disse Luís Neves, em conferência de imprensa, na sede da PJ, em Lisboa, adiantando que o ex-banqueiro será presente a tribunal nas próximas 48 horas.
Questionado sobre quando deverá entrar em Portugal, o diretor nacional da PJ afirmou que "esse é um assunto que agora compete às autoridades judiciais da República da África do Sul". O ex-banqueiro, sublinhe-se, marcou presença esta segunda-feira no tribunal de Durban, mas só amanhã, terça-feira, será ouvido.
João Rendeiro, que em 28 de setembro foi condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva, num processo por crimes de burla qualificada, estava no estrangeiro e em parte incerta, fugido à justiça.
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