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Falha de luz de bairro na Trafaria precisa de "urgente resolução", diz BE

A vereadora sem pelouro do Bloco de Esquerda na Câmara de Almada considera preocupante e com necessidade de resolução urgente as recorrentes falhas de energia elétrica no Bairro do Segundo Torrão, na Trafaria.

Falha de luz de bairro na Trafaria precisa de "urgente resolução", diz BE
Notícias ao Minuto

19:44 - 10/01/22 por Lusa

Política Bloco de Esquerda

Em declarações à agência Lusa, Joana Mortágua explicou que "em tempos houve um protocolo entre a autarquia, a EDP e a associação de moradores do bairro que iria permitir a instalação de contadores de luz, mas que não teve continuidade", pelo que tenciona questionar o executivo sobre esta matéria.

"Os contratos de luz nunca se efetivaram. Instalaram os contadores mas depois, por alguma razão que tentarei compreender, acabou por não avançar", disse, adiantando que a medida visava resolver as recorrentes falhas de energia que ocorriam principalmente nos dias mais frios do ano com uma sobrecarga da rede.

No domingo, a Associação Cova do Mar, que faz intervenção humanitária no Bairro do Segundo Torrão, na Trafaria, Almada, apelou a uma ação social urgente na zona, uma vez que parte dos moradores estava há mais três dias sem eletricidade.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação Cova do Mar, Alexandra Leal, explicou que os moradores afetados por este corte de energia precisavam de lanternas, refeições quentes, mantas e um gerador de emergência.

A associação apelou à doação de lanternas ou de donativos para as comprar de forma a socorrer as famílias com o que considera ser "o mínimo dos mínimos" e alertou para a necessidade de as entidades oficiais acionarem com urgência os meios de apoio de emergência.

O Segundo Torrão, na Trafaria, é um bairro precário do concelho de Almada, distrito de Setúbal, com mais de três mil pessoas, que há cerca de 40 anos se começou a formar ilegalmente, uma condição que se mantém, assim como as carências habitacionais, a falta de luz, de esgotos ou de limpeza nas ruas.

Segundo Alexandra Leal, na impossibilidade de terem um contrato, os moradores recorrem a "puxadas" feitas de forma irregular, o que torna as sobrecargas de rede frequentes.

A vereadora sem pelouro do Bloco de Esquerda na Câmara Municipal de Almada, Joana Mortágua, adiantou em declarações à agência Lusa que os problemas do bairro prolongam-se no tempo.

"Há muitos anos que se promete um processo de deslocalização do bairro que, efetivamente, não tem condições e as pessoas que ali estão têm de ter acesso a habitação com direito", disse, explicando que um plano para o bairro tem de ter em conta a sua especificidade e contestando que a solução a encontrar seja um processo de retirada das pessoas para um prédio urbano.

"Há pessoas cuja economia é complementada com a pesca e para nós é essencial que um processo de realojamento do Bairro do Segundo Torrão seja mais do que um processo de retirar as pessoas e colocá-las todas num prédio no Feijó", disse.

Joana Mortágua considera que este é um processo complexo que deve ser feito com cuidado e que deve implicar um projeto social de acompanhamento das famílias com a construção de um projeto de vida sem desfazer a comunidade.

"Não é fazer o que se fez nos anos 90, que foi retirar populações que têm um contexto de vida e um contexto económico e encaixotá-la em prédios onde a noção comunitária é diferente. Há outra dinâmica social ali e tem de ser respeitada", frisou.

A agência Lusa contactou a Câmara Municipal de Almada durante o dia de hoje no sentido de obter respostas quanto à resolução da falta de energia no bairro do Segundo Torrão durante mais de três dias e se as famílias estavam a receber apoio, mas até ao momento não obteve resposta.

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