A deputada do Partido Socialista Isabel Moreira partilhou, este sábado, um 'desabafo' sobre as notícias que dão conta de alegadas violações à lei do aborto pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Ao fim de 16 anos de consagração de um direito fundamental respeitante à nossa saúde sexual e reprodutiva, ao fim de 16 anos de vitória da nossa autonomia sobre a perseguição penal, a morte, a punição da pobreza, isto é um choque. Sim, um choque", começou por 'desabafar' a socialista, realçando que "não se trata de poder haver falhas aqui e ali", algo que seria "inevitável", mas sim de "violação manifesta de um direito fundamental, de uma lei".
"Trata-se de constatar que as mulheres continuam a enfrentar no sistema que as devia defender a misoginia e a moralidade paternalista que lá atrás nos matava", continua, alertando: "Isto não pode ser. Isto mancha fatalmente a democracia numa das suas conquistas mais dolorosas."
Isabel Moreira deixa, no entanto, a certeza de que "o Ministério da Saúde tratará de priorizar a resolução destes calvários de imediato", até porque "é um calvário inaceitável para qualquer mulher".
"Não consigo imaginar o que seja para uma mulher pobre ou imigrante. Pela minha parte, peço desculpa a cada mulher que foi humilhada e que não exerceu um direito fundamental nos termos dignos que a lei da República prevê", lamentou a deputada, apelando a que se pense "muito seriamente sobre isto".
"É que Abril vai fazer 50 anos", disparou ainda a deputada.
Uma reportagem do Diário de Notícias, publicada na edição deste sábado, alega que a lei que consagra o direito ao aborto livre e gratuito "é diariamente violada no SNS", conforme se pode ler na mesma.
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