"Russos tentam ridicularizar visita [de Biden], mas Putin vai responder"

O comentador José Milhares defendeu que, no discurso marcado para terça-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, deverá reforçar a ideia de que "a guerra é para ganhar", assim como anunciar novas medidas.

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Teresa Banha
20/02/2023 15:49 ‧ 20/02/2023 por Teresa Banha

País

Guerra na Ucrânia

O analista José Milhazes considerou, esta segunda-feira, que Moscovo tentou ridicularizar a visita do presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, a Kyiv, na Ucrânia, onde esteve hoje reunido com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa passagem não anunciada.

"Para Moscovo não é uma grande surpresa. Os russos estavam à espera que Biden fosse a Kyiv, mas tentam desvalorizar completamente esta visita e até ridicularizá-la" , afirmou, em declarações à SIC Notícias.

Durante a sua intervenção, o historiador apontou logo que alguns comentadores pró-Kremlin afirmavam que esta visita  "só se tornou possível devido a alegadas garantias dadas por Putin" a Biden, de que  não iria bombardear o local durante a sua estadia em território ucraniano.

"Agências de informação russas tentam encontrar [provas que corroborem esta teoria] em jornais internacionais", de que deu o exemplo a publicação alemã Die Welt, na qual um dos leitores comenta que "Biden foi dar ordens a Zelensky de como atuar".

A informação de que Biden notificou o Kremlim acerca da sua visita foi no entanto confirmada à Associated Press pelo conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, que, apesar de não dar muitos detalhes, explicou que a notificação desta visita foi dada a Moscovo antes da partida de Biden - que tinha uma visita programada para a Polónia. De acordo com a mesma fonte, este aviso foi dado num esforço para evitar qualquer situação que pudesse levar as duas nações - EUA e Rússia - a um conflito direto. 

Mas para além desta tentativa de "humilhar e diminuir ou reduzir a nada a importância desta visita", o comentador falou ainda sobre o discurso que o presidente da Rússia vai dar perante as duas câmaras do parlamento.

"Aí sim, Putin irá responder às palavras do seu homólogo norte-americano e, certamente, que irá anunciar novas medidas - principalmente a nível militar e económico", refere Milhazes, acrescentando que estas declarações serão proferidas "a fim de convencer a opinião pública russa de que a guerra é para ganhar e nunca para desistir dos objetivos da 'operação especial' [nome dado pelo presidente russo à invasão das tropas na Ucrânia] - embora Putin nunca tenha claramente definido esses objetivos".

Esta visita é a primeira visita feita pelo presidente dos EUA desde que a invasão das tropas russas na Ucrânia começou, numa demonstração de apoio ao país, invadido 24 de fevereiro de 2022. Biden anunciou em Kyiv um pacote de ajuda militar no valor de 500 milhões de dólares, assim como o envio de mais armamento.

Durante a sua breve passagem, o líder norte-americano deixou uma mensagem no livro da residência oficial do presidente da Ucrânia, onde homenageou a "coragem e liderança" de Voldoymyr Zelensky.

Leia Também: Biden? "Ucranianos não se subjugam ao velho do outro lado do oceano"

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