O líder do PSD, Luís Montenegro, considerou, esta segunda-feira, que a justificação dada pelo primeiro-ministro, António Costa, acerca da visita à Hungria para assistir à final da Liga Europa, no passado dia 31 de maio, é "muito estranha".
"A situação é muito estranha. Francamente muito estranha", começou por referir o social-democrata aos jornalistas, à margem de uma visita a Palmela, acrescentando que existem "duas razões" para a "estranheza" do caso.
"Passaram cerca de 20 dias sem que houvesse nenhuma nota oficial dessa deslocação, do enquadramento, da justificação, do modo como ocorreu… E passaram 72 horas desde a primeira notícia dessa deslocação e a justificação do primeiro-ministro", sublinhou.
"Se a situação era tão facilmente explicada, como o comunicado do Governo aparentemente indicia, não se percebe porque é que a viagem não esteve no programa oficial. Não se percebe porque é que não se justificou a ida a Budapeste e não se percebe porque é que passaram 72 horas para se dar uma resposta que é assim tão simples", atirou, acrescentando que o comunicado do Governo veio "adensar a estranheza da situação".
O líder da oposição considerou ainda que "uma pessoa comum" achará "muito estranho" o facto de a visita não estar inscrita na "agenda oficial do primeiro-ministro". "Não há nenhuma razão para isso não ser público", frisou.
Acrescentou também que "não há nenhuma razão para ter de esperar tantas horas para vir um comunicado" e "não ter sido dada uma explicação de viva-voz".
De recordar que António Costa fez escala em Budapeste, em 31 de maio, quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que o evento tivesse sido colocado em agenda.
De acordo com o jornal Observador, o chefe do governo português viajou num Falcon 50 da Força Aérea Portuguesa e assistiu ao jogo na Puskás Arena, ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
Anteriormente, já o Presidente da República reagiu ao caso, declarando que foi informado da escala em Budapeste.
"O primeiro-ministro ia para uma reunião internacional e entendeu que devia dar um abraço a José Mourinho. Ele disse-me 'é um português que está envolvido, vou-lhe dar um abraço, pode ser que dê sorte' e quase ia dando", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
"A Hungria é um estado da União Europeia (UE). [Viktor Orbán] é um primeiro-ministro da União Europeia. Podemos concordar ou discordar dele nas migrações, na política económica e social e em muita coisa, mas faz parte do grupo de países que são nossos aliados naturais na UE", acrescentou o chefe de Estado português, salientando que "francamente" não vê que "politicamente haja qualquer problema específico".
[Notícia atualizada às 16h26]
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