O presidente do PSD, Luís Montenegro, defendeu esta quinta-feira que é necessário "resolver o afunilamento em que o SNS se encontra por incapacidade de atrair e reter recursos humanos".
Em declarações aos jornalistas no contexto de uma visita ao Centro de Saúde de Algueirão - Mem Martins, em Sintra, o social-democrata explicou qual a visão do partido para resolver essa situação: "Desde 1979 que o PSD tem uma visão de que o SNS (Serviço Nacional de Saúde) deve funcionar, naturalmente com o esteio principal dos equipamentos e profissionais do Estado, mas ainda com a contribuição do setor privado e, agora, também do setor social".
Sobre essa "linha de pensamento" já antiga do PSD, hoje defendida "com mais intensidade", o deputado acrescentou que esta é "crucial" para enfrentar essa situação e para garantir a existência de "eficácia na saúde". E argumentou, ainda, que o partido que lidera está "intimamente ligado à criação do SNS e ao apetrechamento das condições que o fizeram funcionar todos estes anos".
Perante a comunicação social, Luís Montenegro lembrou que 25 iniciativas apresentadas pelo partido para o setor da Saúde vão ser hoje debatidas, durante a tarde, no Parlamento. "Uma delas visa a questão da medicina familiar, de cumprir um objetivo prometido pelo primeiro-ministro, e que não cumpriu, de todos os portugueses terem acesso à medicina familiar, ou seja, a médico de família", elaborou.
Neste âmbito, recordou, os sociais-democratas defendem que é preciso "uniformizar a instituição, em todo o país, de Unidades de Saúde Familiar (USF) de modelo B" - como foi já prometido, no entanto, até final deste ano pelo Governo, com a conversão de todas as USF de modelo A para USF de modelo B. Isto porque, na ótica do partido, é uma medida que resultará numa "maior capacidade de retenção dos profissionais".
Mas, "nos casos em que isso não é suficiente", o líder do principal partido da oposição explicou que é preciso haver "articulação" entre tais unidades de saúde "e as instituições do serviço social e privado", numa perspetiva de "complementaridade". Na ótica do líder de Luís Montenegro, isso dará ao sistema "capacidade para gerir-se todos os dias", e "não apenas com remendos todos os dias para tapar buracos".
Questionado pelos jornalistas acerca do custo associado a estas propostas, o deputado recusou-se a dar um valor concreto, dizendo que "o que importa" de momento "é definir objetivos" e "apresentar soluções".
Ainda assim, acrescentou que essa "solução" necessária "para suprir insuficiências dos médicos de família nos centro de saúde têm um custo muitíssimo reduzido". E exemplificou: "Os tais 20 mil utentes [sem médico de família] em Cascais, com a contribuição que a Câmara Municipal dá e com as condições da Santa Casa da Misericórdia, não têm um acréscimo significativo à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo".
Saúde de Marcelo? Montenegro confia que "tudo regressará à normalidade"
Já sobre o estado de saúde do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Montenegro disse crer que "o restabelecimento do Presidente da República está num estado avançado e que tudo regressará à normalidade". E acrescentou, ainda: "é isso que todos desejamos".
O líder social-democrata garantiu que ainda não falou com o chefe de Estado hoje, embora diga tencionar "ainda fazê-lo" - tendo feito a avaliação da situação com base na conversa que teve ao final de quarta-feira, bem como da informação veiculada pela comunicação social.
Importa recordar que Marcelo Rebelo de Sousa sofreu, na tarde de quarta-feira, o impacto do calor de verão e da agenda atarefada durante uma visita à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, no polo na Costa da Caparica, que o fez desmaiar.
Às 15h45, conforme foi confirmado pela Presidência da República ao Notícias ao Minuto, Marcelo sentiu uma "indisposição" após uma cerimónia nessa instituição de ensino. Cerca de 20 minutos depois, deu entrada no Hospital de Santa Cruz, em Oeiras, "por precaução", informou na mesma tarde a sua assessoria de comunicação.
Marcelo Rebelo de Sousa teve alta hospitalar cerca de quatro horas depois, saindo do hospital pelo próprio pé. Em declarações aos jornalistas, garantiu que já se sentia "muito melhor" e que sofreu uma "indisposição" após misturar moscatel com uma bebida nutricional. "Foi uma quebra de tensão repentina", explicou.
Leia Também: PSD quer esclarecimento sobre transferências na junta da Costa