"O PS acredita na justiça e atua com os factos que são conhecidos", disse o dirigente socialista madeirense na sede do PS, no Funchal, questionado pelos jornalistas à margem da apresentação do manifesto eleitoral da candidatura do partido, "Madeira a nossa causa", às legislativas nacionais de 10 de março, pelo círculo da Madeira.
Paulo Cafôfo comentava assim a decisão do juiz de instrução criminal de libertar o ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado (PSD) e dois empresários 22 dias depois de terem sido detidos no âmbito de uma investigação a alegada corrupção na Madeira.
O responsável do PS/Madeira referiu que "há na região uma rede de conluio" em negócios na Madeira que o partido tem denunciado, acrescentando que "cabe à Justiça tomar as respetivas decisões e deliberações".
"O que nos interessa não é fazer justiça", declarou, argumentando ser mais importante o facto de toda esta investigação do Ministério Público na Madeira ter provocado uma crise política e de o PS estar "muito empenhado em fazer parte da solução (...) e resolver todo este imbróglio criado".
O líder socialista madeirense atestou que o partido "mantém tudo o que disse" em relação a esta situação" porque o "processo está ainda em averiguação, não foi fechado e a posição do PS mantém-se inalterada", nomeadamente necessidade de eleições antecipadas.
"Queria dizer que o processo ainda não fechou. Há outros processos que vão decorrer e nós temos de aguardar pelo desfecho dos mesmos", reforçou.
O ex-autarca do Funchal Pedro Calado e os dois empresários detidos há três semanas no âmbito da investigação a suspeitas de corrupção na Madeira ficaram hoje em liberdade, sob termo de identidade e residência, determinou o juiz de instrução.
Segundo o despacho do juiz Jorge Bernardes de Melo, do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, foi aplicada a medida cautelar menos gravosa ao ex-presidente do município, bem como aos empresários Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia.
Na sexta-feira, o Ministério Público tinha pedido prisão preventiva, a medida mais gravosa, para os três arguidos.
A Lusa contactou o PSD/Madeira, que não quis comentar a decisão do juiz.
A Polícia Judiciária (PJ) realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
A PJ deteve nesse dia o então presidente da Câmara do Funchal, que entretanto renunciou ao cargo, e os dois empresários.
A investigação atingiu ainda o então presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo.
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