"Isso não pode acontecer (...), nem tem nenhum sentido, porque, neste momento, a nossa ideia é o partido estar unido, não haver guerras fratricidas, integrar todos aqueles que queiram vir", disse.
Miguel Albuquerque falava aos jornalistas à margem de uma visita ao mega presépio do Curral das Freiras, no concelho de Câmara de Lobos, onde reagiu à decisão do Presidente da República de convocar o Conselho de Estado para 17 de janeiro, para analisar a crise política na Madeira, circunstância que inviabiliza a marcação de eleições antecipadas na região em 09 de março, como defendia a maioria dos partidos representados no parlamento regional.
Na terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu as sete forças partidárias por ordem decrescente de representação - PSD, PS, JPP, Chega, CDS-PP, IL e PAN --, na sequência da moção de censura ao Governo Regional, e convocou o Conselho de Estado para o dia 17 de janeiro, pelas 15:00.
"O senhor Presidente da República informou-nos que tinha de ir a Washington [Estados Unidos], ao funeral do ex-presidente [Jimmy] Carter, e, nesse sentido, acho normal que o Conselho de Estado tenha sido marcado para a próxima sexta-feira [17 de janeiro], não há nenhum problema. É possível que as eleições [regionais] sejam marcadas para 16 de março, ou 23", explicou Miguel Albuquerque.
O governante madeirense considerou, por outro lado, que decisão do chefe de Estado não visa criar condições para possibilitar a realização de eleições internas no PSD regional, como defende o antigo secretário do Ambiente e Recursos Naturais Manuel António Correia.
"Evidentemente, não me passa pela cabeça que o Presidente fosse inventar uma situação que, neste momento, não se põe", afirmou.
Miguel Albuquerque sublinhou haver um "conjunto de prazos que têm de ser cumpridos", entre a dissolução da Assembleia Legislativa, a marcação de eleições antecipadas e a entrega de listas de candidatos, o que inviabiliza a realização de um congresso extraordinário no PSD/Madeira.
"Nem tem nenhum sentido", reforçou, manifestando-se, por outro lado, disponível para integrar Manuel António Correia na sua equipa.
"Eu estou disponível para integrar quer o Manuel António, quer outros militantes, nesta conjugação de esforços que temos de ter neste momento, para o PSD continuar a liderar a Região Autónoma da Madeira", declarou, acrescentando: "Vou fazer todo o possível e estou totalmente disponível para o Manuel António, que é um militante relevante do partido, integrar esta luta".
A Assembleia Legislativa da Madeira aprovou em 17 de dezembro, com votos a favor de todos os partidos da oposição -- PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos somam mais de metade dos deputados -- a moção de censura apresentada pelo Chega ao Governo Regional minoritário do PSD chefiado por Miguel Albuquerque.
PSD e CDS-PP votaram contra. Os dois partidos que suportam o Governo Regional têm um acordo parlamentar, mas não asseguram maioria absoluta.
A aprovação da moção de censura, inédita na Região Autónoma da Madeira, implicou, segundo o respetivo o Estatuto Político-Administrativo, a demissão do Governo Regional, constituído em 06 de junho, que permanecerá em funções até à posse do novo executivo.
Este executivo tomou posse após as eleições regionais antecipadas de 26 de maio, que ocorreram devido à queda do anterior governo regional por demissão de Miguel Albuquerque, após ter sido constituído arguido num processo sobre suspeitas de corrupção no arquipélago.
A Assembleia Legislativa Regional da Madeira é composta por 47 deputados, dos quais atualmente 19 são do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega e dois do CDS-PP, enquanto IL e PAN têm um representante cada.
O Chega apresentou esta moção de censura em 06 de novembro e justificou-a com as investigações judiciais que envolvem Miguel Albuquerque e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos.
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