Dois anos depois de ter derrotado Carla Castro e José Cardoso, sendo eleito com 51,7% dos votos, Rui Rocha volta a apresentar-se a eleições internas sob o mote "Acelerar Portugal" e defendendo que a IL deve apresentar-se sozinha sempre que vai a votos.
"O trabalho feito por esta Comissão Executiva permite termos agora autonomia financeira, política e estratégica para nos apresentarmos a todas as eleições sozinhos. Portanto, algum tipo de entendimento será sempre excecional e não por regra", disse, em entrevista à Lusa na semana passada.
No entanto, ao contrário da postura que tinha tido em 2023 - em que tinha assumido objetivos eleitorais, entre os quais obter 15% em eleições legislativas -, desta vez Rui Rocha recusa estabelecer qualquer meta, assumindo apenas o desígnio de crescer.
Já Rui Malheiro, conselheiro nacional da IL desde 2022, apresenta-se a eleições pelo movimento "Unidos pelo Liberalismo", numa candidatura que não estava inicialmente prevista e que se precipitou após o ex-candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves ter desistido de concorrer à liderança, por ter sido revelado que tinha falsificado assinaturas enquanto presidente de uma união de freguesias no distrito do Porto.
À semelhança de Rui Rocha, também Rui Malheiro considera que a IL se deve apresentar a eleições sozinha, só admitindo coligações autárquicas em casos excecionais, mas é muito mais ambicioso em termos de objetivos eleitorais: entre as metas que estabeleceu, o conselheiro nacional quer obter 10% nas próximas legislativas e eleger 200 autarcas nas eleições deste outono.
Rui Malheiro é também muito crítico em relação ao que considera ser uma falta de pluralidade de opiniões dentro do partido, acusando Rui Rocha de ter imposto uma "visão única", e promete mudanças a nível interno, entre as quais abdicar do voto da Comissão Executiva em sede de Conselho Nacional.
Além da votação para a direção do partido, os 1.545 militantes da IL que se inscreveram nesta Convenção irão também eleger a composição dos órgãos nacionais para os próximos dois anos: Conselho Nacional, Conselho de Jurisdição e Conselho de Fiscalização.
Ao Conselho Nacional, concorrem seis listas, entre as quais a F, do deputado Bernardo Blanco, que saiu da Comissão Executiva da IL (que integrava desde 2019) invocando razões pessoais, e apresenta uma candidatura ao órgão máximo entre convenções, composta por dirigentes e membros que ainda não tiveram qualquer cargo partidário de topo.
Além de Bernardo Blanco, também a lista X, encabeçada por Pedro Ferreira, é composta por membros que integraram direções recentes da IL, como Bruno Mourão Martins, fundador do partido, ou João Caetano Dias. É a única lista que também apresenta candidaturas ao Conselho de Fiscalização e ao Conselho de Jurisdição.
Fora estas duas listas - cujos cabeças de lista já declararam apoio à candidatura de Rui Rocha -, as restantes quatro não têm qualquer antigo dirigente da IL. A lista T e a lista D, composta por membros que são ou já foram conselheiros nacionais, defendem sobretudo a necessidade de construção de pontes com a direção.
Já a lista A defende considera que o Conselho Nacional precisa de "maior autonomia", garantindo que "funciona de forma independente" da Comissão Executiva, enquanto a lista M propõe um programa para o partido inspirado nas políticas do Presidente da Argentina, Javier Milei.
Além das seis listas ao Conselho Nacional, há três candidaturas ao Conselho de Jurisdição e quatro ao Conselho de Fiscalização.
A IX Convenção Nacional da IL realiza-se este fim semana no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, 1.545 membros inscritos.
Leia Também: AR debate na quinta-feira recomendações sobre reconhecimento da Palestina