Nuno Melo e Isabel Mendes Lopes estiveram frente a frente num debate para as eleições legislativas de 18 de maio, na TVI, com os temas da defesa e do contexto internacional a dominar grande parte do confronto entre os representantes da coligação AD e do partido Livre.
Neste ponto, o também ministro da Defesa Nacional considerou que "o Livre é particularmente irresponsável tendo em conta o atual contexto geopolítico" e acusou o partido de querer "acabar com a NATO" e ter um "problema de princípio, doutrinário, contra os Estados Unidos da América", confundindo "um aliado" com uma "administração que é necessariamente transitória".
Nuno Melo aconselhou também Rui Tavares a "despir o fatinho de esquerdista e a vestir o fatinho de historiador", sustentando que "os 75 anos de paz garantidos pela NATO acontecem porque a NATO foi forte, e foi forte por causa dos Estados Unidos".
"A obrigação de qualquer pessoa minimamente lúcida é preservar os Estados Unidos na NATO. E já agora aconselharia a fazer contas... Em matéria de economia, normalmente o Livre vive em Marte, mas se fizer contas, percebe quanto é que teria que gastar" para "criar capacidades equivalentes numa perspetiva estritamente europeia", afirmou.
A líder parlamentar do Livre desmentiu esta afirmação, dizendo que o seu partido "não quer acabar com a NATO", e "não defende a saída de Portugal da NATO", assinalando que foi o Presidente Donald Trump que ameaçou tirar os EUA desta organização.
Isabel Mendes Lopes defendeu que é necessário investir "numa comunidade europeia de defesa".
A dirigente do Livre devolveu a acusação, dizendo que é o Governo e Nuno Melo quem "está a viver em Marte" e não tem noção "de quem está à frente da Casa Branca", defendendo que "Donald Trump é um risco para o mundo, para os Estados Unidos e para a Europa".
Mais à frente, os dois dirigentes discordaram quanto à responsabilidade pela crise política, com Isabel Mendes Lopes a culpar o primeiro-ministro e Nuno Melo a colocar o ónus na oposição.
"A escolha nestas eleições é muito clara: Entre um Governo que continua a agravar a desigualdade e que tem o risco de termos um défice, como aliás alertou o Conselho das Finanças Públicas, ou termos um Governo progressista que garanta uma maior igualdade em Portugal e que saiba qual é que é o lugar de Portugal no mundo", salientou a líder parlamentar do Livre.
Isabel Mendes Lopes acusou também o Governo de não querer resolver o problema da habitação.
Nuno Melo assinalou que a "regulamentação do Fundo de Emergência à Habitação estava mesmo a terminar". O presidente do CDS elencou várias medidas que o Governo tomou e acusou o Livre de ter votado contra medidas benéficas para as famílias, os jovens e as empresas.
O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, participou em nome da AD, substituindo o primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro. Face a esta ausência, o Livre indicou a sua porta-voz e líder parlamentar, Isabel Mendes Lopes, em vez do também porta-voz e cabeça de lista por Lisboa, Rui Tavares, que vai fazer os restantes debates.
Estas ausências foram mencionadas logo no arranque do debate, com Nuno Melo a defender que não cairiam a Rui Tavares "os parentes à lama se debatesse com o CDS".
"Rui Tavares está convencido que é candidato a primeiro-ministro. Não deixe também que essa sua circunstância lhe suba à cabeça, às vezes o deslumbramento já deitou muita gente a perder", aconselhou o centrista, que salientou que o CDS é um partido com "50 anos de história e de serviço na democracia portuguesa".
Na resposta, a líder parlamentar do Livre acusou Luís Montenegro de "distorcer as regras a seu favor" e "fugido ao debate", e considerou estar a debater "em pé de igualdade" com Nuno Melo.
Isabel Mendes Lopes recordou também que "da última vez que o CDS concorreu sozinho para a Assembleia da República, não foi eleito e o Livre foi eleito" e conseguiu regressar ao parlamento "à boleia do PSD".
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