A palavra francesa souplesse ainda não consta no dicionário da língua portuguesa, mas entra frequentemente no nosso léxico para descrever habilidade, astúcia, ou leveza. Três adjetivos que se aplicam na perfeição a Ángel Di María, que aos 35 anos, ditou mais uma vitória do Benfica, desta feita na Liga Europa, diante do Toulouse.
Marcou dois golos de grande penalidade, é certo, mas com grande perícia, olhando o jovem Restes fixamente antes de atirar a bola para o fundo das redes. Além disso, foi o 'motor' dos encarnados a nível ofensivo.
Foi a grande exceção no meio do suplício que tem sido a equipa de Roger Schmidt na sua versão europeia, nesta temporada. Se na época passada o Benfica foi uma das grandes sensações da Liga dos Campeões (Di María assistiu a isso em primeira mão, do lado da Juventus), os encarnados 'presentearam' os adeptos na Luz com mais uma exibição que teve direito a assobiadelas.
Depois de uma primeira parte com várias oportunidades, em que o Benfica foi claramente superior em todos os domínios, faltou pontaria aos encarnados (ao intervalo, tinham 12 remates, apenas um enquadrado). Rafa Silva, João Mário e Arthur Cabral tiveram chances de golo.
O golo acabou por chegar na passagem da hora de jogo, com uma grande penalidade caída do céu após mão de Logan Costa. Di María não tremeu. Poucos minutos depois, a defensiva benfiquista 'desligou', com um mau alívio de Aursnes seguido da complacência de António Silva, a resultar no golo de Desler.
Uma nova grande penalidade, já aos 90+5', ganha pelo jovem Marcos Leonardo, acabou por beneficiar o Benfica. Di María marcou o segundo da noite e deixou o Benfica em vantagem para a segunda mão do play-off de acesso aos oitavos-de-final da Liga Europa, que se joga no Estádio do Toulouse na próxima semana.
Figura
Ángel Di María foi o marcador dos golos benfiquista, com muita classe, e orquestrou o jogo ofensivo do Benfica com mestria. Ofereceu o golo a Rafa Silva na primeira parte, mas o português não conseguiu definir da melhor forma. A experiência do argentino foi vital.
Surpresa
João Mário tem figurado mais vezes na categoria de "desilusão" do que nesta, mas há que dizer que o português teve uma exibição melhor do que a média nesta temporada, com dois remates perigosos na primeira parte. Ficou a centímetros do golo em ambas.
Desilusão
António Silva não esteve a um bom nível nas ocasiões em que realmente foi necessário, nomeadamente na jogada do golo do Toulouse. Após um 'balão' de Aursnes, em zona pouco recomendável, António Silva não atacou a bola de cabeça e permitiu uma série de ressaltos que acabaram no golo dos franceses.
Treinadores
Roger Schmidt foi assobiado pelos adeptos, mas na primeira parte o Benfica teve uma produção ofensiva muito boa, não descurando o equilíbrio defensivo. Faltou finalizar com sucesso. Ainda assim, a segunda parte dos encarnados foi sofrível e esteve em vias de empatar com um dos últimos classificados da Ligue 1. Schmidt permitiu que a equipa 'desligasse' na segunda metade, algo pouco recomendável.
A equipa de Carles Martínez teve o mérito de disputar o encontro, apesar de ter sido 'banalizada' na primeira metade do jogo. Claramente, as invidualidades do Toulouse estão um furo abaixo do Benfica, bem como as soluções no banco. Portanto, o espanhol só pode ficar satisfeito com o resultado, que fica em aberto.
Árbitro
O juiz lituano Donatas Rumsas teve uma exibição praticamente imaculada, até pelo bom aconselhamento do seu VAR. Só deu cartões amarelos praticamente no final do jogo, quando o Toulouse entrou de forma mais dura sobre os encarnados, e esteve bem no ajuizamento das grandes penalidades. O VAR demorou bastante na análise do primeiro golo.
Leia Também: Schmidt explica mexidas que geraram assobios e assume: "Foi complicado"
Leia Também: Bis de penáltis 'salva' Benfica. Encarnados visitam Toulouse em vantagem