Os comunicados preliminares das missões da União Europeia (UE), Estados Unidos da América (EUA) e do Instituto Eleitoral para África Austral (EISA) "refletem o que se passou" antes e durante o dia da votação, referiu o jornalista do semanário Savana e presidente do grupo de comunicação social Mediacoop.
"O comunicado da UE terá sido o mais duro de todos que tenho conhecimento de todos os atos eleitorais desde 1994", observou.
As missões anunciaram ter dúvidas e preocupações sobre a qualidade do processo eleitoral, do recenseamento à votação, "precedida por uma campanha marcada por violência e limitações às liberdades fundamentais", apontou a UE - que assinalou desigualdade de oportunidades evidente, com o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), a "dominar" em todas as províncias.
Mas houve outras opiniões: a União Africana (UA) classificou o ato eleitoral como transparente e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) considerou-o em linha com as normas internacionais.
Fernando Lima, que também acompanhou o ato eleitoral no terreno e considera que a disparidade na avaliação corresponde "ao posicionamento conhecido" da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), UA e CPLP: "nunca fazem uma análise objetiva da situação", porque "têm em conta o vínculo de relacionamento com o próprio Estado moçambicano".
Por seu turno, Sérgio Chichava, investigador do Instituto de Estudos Económicos e Sociais (IESE), considera que houve fraude generalizada e que faltou às missões de observação dizer que a eleição não reflete a verdade - em linha com os partidos da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que rejeitaram os resultados.
Os observadores internacionais "não exigem a repetição das eleições, nem dizem que as eleições não refletem a verdade. Falam de irregularidades que se têm repetido", mas "os seus comentários não vão influenciar o processo eleitoral".
Com os resultados de 10 das 11 províncias divulgados, a Frelimo e Felipe Nyusi surgem como vencedores destacados, sempre com maioria absoluta nas presidenciais, legislativas e eleições provinciais.
Depois do apuramento por províncias, a lei prevê que até dia 30 os resultados sejam anunciados em cerimónia pública pelo presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE).