Em declarações à Lusa, o primeiro secretário do grupo parlamentar de Luanda, Alberto Ngalanela, disse que no controlo policial alegam que não estão autorizados a entrar porque não receberam nenhuma comunicação da administração municipal e que teriam de ter uma autorização da Assembleia Nacional.
"Disseram que há um aglomerado de pessoas no comité da UNITA, em Cafunfo, e que o momento, como é sensível, não se recomenda a presença dos deputados", afirmou Alberto Ngalanela.
O deputado esclareceu que esta é uma missão do grupo parlamentar e, por isso, não carece de autorização da Assembleia Nacional.
Ngalanela acrescentou que o deputado Domingos Oliveira, secretário da UNITA da Lunda Norte, já tinha falado com o comandante provincial da polícia e que este lhe teria dito que poderiam prosseguir o trabalho sem constrangimentos.
"No entanto, estamos aqui [posto de controlo da entrada de Cafunfo] há cerca de duas horas", declarou.
A deslocação da delegação da UNITA ao Cafunfo visou a recolha de informações sobre os acontecimentos de sábado nesta região rica em recursos minerais que resultou em vários mortos, feridos e detidos.
Segundo a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende a autonomia daquela região tentaram invadir, no sábado, uma esquadra policial e em defesa as forças de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.
A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de uma dezena de mortos.
Com esta missão parlamentar da UNITA está também a ativista da sociedade civil angolana Laura Macedo, que também relatou à Lusa esta retenção, pela qual se mostrou indignada.
A autonomia da região das Lundas (Lunda Norte e Lunda Sul, no leste angolano), rica em diamantes, é reivindicada por este movimento que se baseia num Acordo de Protetorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido.
Portugal teria ignorado a condição do reino quando negociou a independência de Angola entre 1974/1975 apenas com os movimentos de libertação, segundo o movimento.
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