Katheryn Cagle fez publicações no Facebook no dia 6 de janeiro, quando uma multidão invadiu a sede de Capitólio, onde assegurou os seus seguidores, já a partir do quarto de hotel, que ela e a sua mãe, que marcaram presença nos protestos, estavam bem e seguras. "Sim, a minha mãe e eu estamos em Washington", indicou, na rede social.
As reações às publicações não foram todas amistosas. Alguns seguidores responderam com incompreensão, como Rayven Goolsby, uma funcionária de supermercado do mesmo estado da Geórgia, de onde são originárias Katheryn e Thelma Cagle. "Eu imaginei que a Kate Cagle estivesse no comité de planeamento, espero que não faça carreira a planear motins", escreveu. Numa outra publicação, dirigida à mãe de Katheryn, Thelma Cagle, escreveu: "Não foi você que começou a insurreição? Tenho quase a certeza que foi".
Esta troca de comentários passou dos perfis das redes sociais para a barra de um tribunal, no condado de Pickens, no mesmo estado, no final de fevereiro. A família Cagle está a processar Rayven Goolsby por difamação e calúnia, indica o Washington Post.
O advogado da caixeira de supermercado, Andrew Fleischman, descreve a decisão como mais um exemplo de uma família proeminente, ativa no círculo político local, a intimidar e coagir a sua cliente ao silêncio.
Segunda explica a mesma publicação, nenhuma das partes nega ter feito aqueles comentários, que agora estão apagados, mas cujas capturas de ecrã fazem agora parte do processo. Entre elas, estão acusações por parte de Goolsby de que Katheryn e Thelma Cagle tiveram "papéis centrais" na organização de caravanas para ir ao motim em Washington, através de um projeto chamado 'Women for America First'.
O pai de Katheryn, William Cagle, também é citado, sendo apelidado de "traste" homofóbico, depois do homem ter comentado, sobre a possibilidade de serem criadas casas de banho separadas para as pessoas transgénero, que "não apreciava que os seus impostos fossem gastas na promoção da indecência e de um par de aberrações que não se consegue decidir sobre onde urinar".
Segundo Andrew Fleischman, um processo deste género é uma forma de tornar muito caro fazer críticas a pessoas como os Cagles, "ainda que as críticas sejam verdadeiras". "Não devíamos ter medo que a crítica a uma pessoa importante da nossa comunidade nos possa custar milhares de dólares", disse, argumentando que a sua cliente tem a verdade e o interesse público do seu lado.
Recorde-se que morreram cinco pessoas na sequência do ataque à sede do Congresso norte-americano, em Washington, D.C., no dia 6 de janeiro. Entre eles está um agente de autoridade.
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