Violência na África do Sul obriga a interromper administração de vacinas

A África do Sul suspendeu a administração de vacinas contra a covid-19 devido à violência que tem afetado o país, disseram hoje as autoridades de saúde do país que enfrenta um aumento exponencial de casos.

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Lusa
14/07/2021 19:32 ‧ 14/07/2021 por Lusa

Mundo

África do Sul

"Por agora, tivemos de suspender as vacinas em Kwazulu-Natal", anunciou o grupo hospitalar privado Netcare, citado pela agência France-Presse, que dá conta que a suspensão está ligada às dificuldades dos fornecedores em obter medicamentos para os hospitais que transitam desde a capital económica, Joanesburgo.

"Enfrentámos dificuldades relacionadas com a escassez de trabalhadores, que não puderam ir para o seu local de trabalho", salientou também a Netcare, que teve de fechar temporariamente algumas das suas instalações.

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF), presente em Kwazulu-Natal para lutar contra a covid-19 mas também contra o VIH e a tuberculose, também afirmou, numa declaração, que teve de suspender algumas atividades.

"É urgente assegurar que as instalações e os fornecimentos de saúde não sejam visados", alertou a MSF.

Mais de 90 farmácias foram saqueadas e vandalizadas nas províncias do KwaZulu-Natal e Gauteng, divulgou hoje em comunicado o Conselho de Farmácia da África do Sul (SAPC, na sigla em inglês).

Entre os fármacos roubados destacam-se vacinas contra a covid-19 e medicamentos de uso recorrente, adiantou.

O Governo sul-africano destacou 2.500 militares para apoiar a polícia a conter os distúrbios na província de origem de Zuma, KwaZulu-Natal, assim como em Gauteng, o motor da economia do país, mas os protestos estendem-se a várias outras cidades da África do Sul, nomeadamente à Cidade do Cabo, onde vivem mais de 30.000 portugueses.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que se reúne hoje com líderes dos partidos políticos, está a ser pressionado para declarar o estado de emergência no país, enfrentando críticas de vários quadrantes pela "demora" e "incapacidade" do Governo e das forças de segurança em restaurar a lei e ordem na África do Sul.

Os motins violentos, saques e intimidação, que eclodiram na quinta-feira na província litoral do KwaZulu-Natal, prosseguem pelo sétimo dia consecutivo apesar da presença do Exército no reforço aos meios policiais nas últimas 24 horas.

Vários órgãos de comunicação social sul-africanos relataram que a população civil se armou com armas de fogo, alguns até com espingardas automáticas e semiautomáticas, bloqueando acessos a bairros e montando "postos de controlo" para proteger negócios, residências e comunidades.

Pelo menos 72 pessoas morreram e mais de 1.200 foram presas pelas autoridades em incidentes de violência, saques e intimidação, que se alastram agora desde o Cabo do Norte à província de Mpumalanga, vizinha a Moçambique, segundo a polícia sul-africana.

O abastecimento de alimentos e combustível em partes de Joanesburgo começou a escassear no final de terça-feira.

África registou mais 632 mortes associadas à covid-19 e 36.282 novos casos nas últimas 24 horas, num total de 5.997.410 infeções desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais regionais.

Segundo o boletim mais recente do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), de segunda-feira à tarde, o número total de óbitos associados ao novo coronavírus no continente é agora de 152.577.

Em relação aos recuperados, com os 37.599 registados nas últimas 24 horas, totalizam agora 5.231.808.

A África Austral continua a ser a região mais afetada do continente, com 2.846.333 casos e 77.159 óbitos associados à covid-19. Nesta região, encontra-se o país mais atingido pela pandemia, a África do Sul, que contabiliza 2.206.781 casos e 64.509 mortes.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.053.041 mortos em todo o mundo, entre mais de 187,7 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.

Leia Também: África do Sul. "A minha prioridade é com a situação dos portugueses"

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