Na quarta-feira o partido no poder decidiu anunciar a "anulação" deste acordo concluído em 19 de abril sob mediação da UE, ao considerar que o texto "cumpriu a sua missão" e que por esse motivo de tornou "obsoleto".
A embaixada dos EUA na Geórgia indicou hoje estar "profundamente perturbada e exasperada pela decisão unilateral do partido Sonho georgiano de se retirar do acordo".
"Washington está crescentemente alarmada pelos sucessivos reveses sobre o futuro da embaixada, acrescentando que esta decisão "apenas motivou mais instabilidade política para o país e coloca questões sobre o empenhamento do Sonho georgiano em atingir os objetivos democráticos" do país.
"Continuaremos a pressionar para que todas as partes assinem e comecem a aplicar o acordo", indicou ainda a embaixada norte-americana.
Por sua vez, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também apelou aos diversos partidos políticos georgianos para respeitarem o acordo -- que o próprio mediou durante uma deslocação de Tbilissi -- e acrescentou que vai promover "consultas com um certo número de atores políticos na Geórgia" sobre a questão.
Michel também indicou ter-se encontrado na quarta-feira com a Presidente georgiana, Salome Zourabichvili, para "discutir a situação e as relações UE-Geórgia".
A Geórgia, uma ex-república soviética habituada a persistentes crises, atravessou um período de turbulências políticas após as legislativas 31 de outubro e 21 de novembro de 2020, que o partido Sonho Georgiano, no poder, venceu por curta margem, mas com a oposição a denunciar fraude eleitoral.
Nos meses que se seguiram, os partidos da oposição organizaram manifestações, exigiram novas eleições e recusaram ocupar os seus lugares no parlamento.
Num sinal do agravamento das tensões, a polícia tomou de assalto em finais de fevereiro as sedes do MNU, fundado pelo ex-Presidente no exílio Mikheil Saakachvili, e deteve o dirigente, Nika Melia.
Os representantes de todos os partidos políticos assinaram este acordo apesar de o Movimento Nacional Unido (MNU), a principal força da oposição, ter precisado que apenas o aplicará após a libertação do seu líder Nika Melia, que foi libertado em maio devido a uma caução da União Europeia.
Segundo o acordo de abril denunciado pelo Sonho georgiano, a oposição deveria regressar ao parlamento e o partido no poder seria responsável pela condução das reformas políticas, eleitorais e judiciais.