"A decisão do Governo sueco de deixar de financiar a UNRWA em 2025 é dececionante e chega no pior momento para os refugiados palestinianos", escreveu Lazzarini nas redes sociais.
O responsável da UNRWA observou que, para a população de Gaza, esta decisão "vai duplicar o sofrimento que suportou nos últimos 14 meses, com o horrendo ataque do Hamas, a 07 de outubro [de 2023], e a guerra em curso".
Além disso, a decisão foi anunciada um dia depois de os membros da Assembleia Geral das Nações Unidas terem adotado, por esmagadora maioria, uma resolução de apoio à UNRWA e exigindo que Israel permitisse a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Lazzarini destacou ainda que o anúncio do Governo sueco surge numa altura em que a agência da ONU enfrenta "ataques políticos sem precedentes, nomeadamente através do recurso à desinformação", ações que, na sua opinião, procuram desapropriar os palestinianos do seu estatuto de refugiados.
Por último, o responsável da ONU manifestou esperança de que o Governo da Suécia reconsidere a decisão e mantenha o apoio que ofereceu à UNRWA durante anos.
O ministro sueco da Cooperação Internacional e Comércio Externo, Benjamín Dousa, explicou hoje ao canal TV4 do seu país que a decisão de suspender o apoio à UNRWA foi tomada na sequência da proibição de Israel às operações da agência - a partir do final de janeiro -- já que isso dificultará a entrada de qualquer ajuda.
Dousa visitou Israel e a Palestina há três dias e, durante a sua visita, instou Israel a parar a expansão dos colonatos ilegais na Cisjordânia, a travar a violência dos colonos contra os palestinianos e a permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
A 28 de outubro, o Knesset (parlamento israelita) aprovou uma lei que proíbe a UNRWA, que presta serviços sociais a milhões de refugiados palestinianos e seus descendentes, de operar em território israelita, incluindo Jerusalém Oriental, anexada unilateralmente, algo que foi repudiado pela maioria dos membros da ONU, entre os quais a Suécia.
Israel acusou a UNRWA de empregar 2.100 membros do grupo islamita Hamas e, em janeiro, disse que 12 deles tinham participado ativamente nos ataques de 07 de outubro (que deram início à guerra em curso), ao que a agência respondeu imediatamente abrindo uma investigação interna e despedindo esses trabalhadores.
A agência, que conta com mais de 30 mil funcionários, garantiu meses depois que Israel não apresentou provas conclusivas sobre o envolvimento destes trabalhadores nos ataques, enquanto uma investigação independente, liderada pela ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, garantiu, em março, a neutralidade da atividade humanitária da agência, embora tenha detetado "áreas críticas".
Assim que Israel fez tais acusações, em janeiro, 18 países anunciaram que iam deixar de financiar a UNRWA, incluindo os principais doadores - EUA, Alemanha, Japão e França -, o que significou um corte orçamental de 450 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros) numa altura em que a organização estava em plena operação de resposta à emergência na Faixa de Gaza.
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