Afeganistão: Londres critica decisão dos EUA de retirar tropas
O ministro da Defesa britânico criticou hoje a decisão dos Estados Unidos da América (EUA) de retirar as suas tropas do Afeganistão, afirmando temer um regresso da Al-Qaida e estar "preocupado" com potenciais ameaças à segurança mundial.
© Reuters
Mundo Afeganistão
"Não era o momento certo, nem a decisão certa a tomar, porque a Al-Qaida provavelmente voltará", afirmou Ben Wallace em declarações ao canal britânico Sky News, admitindo estar "preocupado" com tal possibilidade, que constitui "uma ameaça à segurança e aos interesses" tanto dos britânicos como do resto do mundo.
A partida das forças militares norte-americanas do Afeganistão, que também levou à retirada do aliado britânico e que deverá estar concluída no próximo dia 31 de agosto, "deixa um problema muito, muito grande no terreno", frisou o ministro da Defesa britânico, numa altura em que os talibãs avançam rapidamente no território afegão.
Em cerca de uma semana, os radicais islâmicos assumiram o controlo de quase metade das 34 capitais provinciais afegãs, incluindo Kandahar (sul), a segunda maior cidade do país, e controlam a maior parte do norte, oeste e sul do território.
Esta grande ofensiva dos talibãs contra as forças do Governo afegão começou no início de maio, após começar a retirada final das forças internacionais (EUA e NATO) do Afeganistão.
A saída dos militares estrangeiros do país da Ásia Central deve estar concluída no final deste mês, 20 anos depois do início da sua intervenção para afastar os talibãs do poder, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, organizados pela Al-Qaida, grupo acolhido no Afeganistão.
Ainda em declarações à Sky News, o ministro da Defesa britânico criticou o acordo inicial de trégua e de retirada que foi assinado em Doha (Qatar), em fevereiro de 2020, entre a anterior administração norte-americana, liderada na altura pelo Presidente Donald Trump, e os talibãs.
Para Ben Wallace, o acordo de Doha foi "um erro, cujas consequências provavelmente todos nós iremos pagar".
E reforçou: "Foi um mau acordo, porque disse aos talibãs que eles tinham vencido, quando não era esse o caso, e minou a autoridade do Governo afegão".
O ministro da Defesa realçou, no entanto, que o Reino Unido tem "capacidades para se proteger" de qualquer ameaça à segurança.
"Se os talibãs voltarem como antes e acolherem a Al-Qaida, é claro que a comunidade internacional poderá assumir uma série de medidas", declarou o governante.
O ex-ministro britânico para os Assuntos dos Antigos Combatentes Johnny Mercer também criticou a decisão de retirar as tropas internacionais, incluindo as britânicas, do solo afegão, após 20 anos de intervenção.
Johnny Mercer afirmou que o Reino Unido "escolheu a derrota", acrescentando que essa falta de "vontade política" é "vergonhosa" e "triste".
"É muito difícil para aqueles que estiveram envolvidos tentar entender e aceitar", frisou o ex-ministro em declarações à Times Radio.
"É humilhante para o exército britânico, para as famílias que perderam pessoas lá, mas acima de tudo é uma tragédia para o povo afegão", concluiu.
Estas declarações surgem um dia depois de Londres ter anunciado o envio, de forma temporária, de cerca de 600 militares para o Afeganistão para ajudar os cidadãos britânicos a saírem do país face ao rápido avanço dos talibãs no terreno.
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