A morgue do principal hospital da Roménia não tem mais espaço para os mortos. Numa imagem clara daquele que tem sido o custo humano da pandemia de Covid-19, que tem atravessado a nação, há corpos de vítimas embrulhados em sacos plásticos pretos a alinhar-se no corredor do hospital da capital, Bucareste.
Centenas de pessoas morreram todos os dias, na Roménia, nos últimos dois meses. O país está entre os mais atingidos pelo vírus que assola os países da Europa Central e de Leste, onde muito menos pessoas foram vacinadas do que na Ocidental. Com 19 milhões de habitantes, a Roménia tem atualmente uma das maiores taxas de mortalidade da Europa.
No mês passado, a Organização Mundial da Saúde enviou uma equipa para ajudar na resposta à pandemia no país.
Frustrados e sobrecarregados, os médicos da Romênia têm lutado para lidar com a situação, conta a Associated Press, que cita o chefe do Hospital de Emergência da Universidade de Bucareste, Catalin Cirstoiu, dando conta de que "uma vila desaparece diariamente na Roménia!”.
“E numa semana ou num mês? Uma aldeia maior? Ou uma cidade? Onde é que isto vai parar?”, acrescentou o profissional de saúde.
Maria Sajin, chefe da morgue do hospital, disse que enquanto normalmente teriam uma média de 10 mortes por dia, o número de mortos na passada segunda-feira chegou a 26, 14 dos quais eram pacientes com Covid-19. Na semana passada, houve 35 mortes num só dia, disse ainda.
Os especialistas atribuíram o aumento do número de mortes à baixa taxa de vacinação do país, onde cerca de 40% da população foi totalmente vacinada - muito inferior à média da União Europeia de 75%. Acredita-se que as baixas taxas aqui e noutras partes da região sejam o resultado de uma desconfiança geral nas autoridades e instituições, lacunas na educação e movimentos antivacinação profundamente enraizados, que incluem alguns médicos importantes.
A Roménia registou o maior número de mortes diárias devido à pandemia a 2 de novembro, quando 591 mortes por Covid-19 foram relatadas - mais de 90% delas não vacinadas. Atualmente, 1.870 pacientes em todo o país estão nas unidades de cuidados intensivos, quase 51 mil pessoas com coronavírus morreram desde o início da pandemia.
A situação obrigou as autoridades há duas semanas a imporem restrições mais rígidas, tornando obrigatórios os certificados de vacinação para diversas atividades do dia-a-dia, como ir ao ginásio, ao cinema ou ao centro comercial. As autoridades também introduziram um recolher obrigatório às 22h em todo o país.
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