Numa entrevista a canais de televisão ucranianos, o presidente daquele país, Volodymyr Zelensky, reforçou na segunda-feira estar preparado para discutir um compromisso de não insistir na adesão à NATO em troca de um cessar-fogo, da retirada das tropas russas e de garantias de segurança para a Ucrânia.
“É um compromisso para todos: para o Ocidente, que não sabe o que fazer connosco em relação à NATO, para a Ucrânia, que quer garantias de segurança, e para a Rússia, que não quer a expansão da NATO”, disse o chefe de estado, citado pela Associated Press.
O presidente pediu mais uma vez um encontro com homólogo russo, Vladimir Putin, justificando que, sem uma reunião, será impossível determinar se a Rússia tem intenções de colocar um ponto final na guerra.
Zelensky adiantou ainda que Kyiv está preparada para discutir o estatuto da Crimeia e da região de Donbass, tomada por separatistas pró-Rússia, após um cessar-fogo e garantias de segurança.
O chefe de estado já reconheceu, no dia 15 deste mês, que a Ucrânia não poderá integrar a NATO, uma das exigências da Rússia para terminar a guerra, revelando que os ucranianos estão a tomar consciência dessa impossibilidade.
"Ouvimos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos dizer que não podíamos aderir. Esta é a verdade e temos de a reconhecer", disse, na altura, horas antes de receber em Kyiv os primeiros-ministros da Polónia, Mateusz Morawiecki, da República Checa, Pietr Fiala, e da Eslovénia, Janez Jansa.
Também numa entrevista ao canal televisivo norte-americano ABC, no início do mês, Zelensky disse estar disponível para um "compromisso" sobre o estatuto dos territórios separatistas no leste da Ucrânia, adiantando ter moderado a sua posição quanto à adesão do país à NATO, quando percebeu que a organização “não estava pronta para aceitar a Ucrânia”.
Recorde-se que a Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,48 milhões para os países vizinhos, segundo indicam os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU).
Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, diz a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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