Ucrânia. "Precisamos de ganhar esta guerra. Não temos outra pátria"
Inga Kordynovska é advogada e, quatro dias após o início da guerra na Ucrânia, cofundou o ‘Odesa Humanitarian Volunteer Center’, que conta já com 300 voluntários. Ao Notícias ao Minuto assegura: "O centro continua a funcionar, não importa o que aconteça".
© Odesa Humanitarian Volunteer Center
Mundo Guerra na Ucrânia
Na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, começou a guerra na Ucrânia. Quatro dias depois, era criado o ‘Odesa Humanitarian Volunteer Center’ pela advogada Inga Kordynovska e alguns amigos. Desde então o Food Market de Odessa - um estabelecimento que era semelhante ao Mercado da Ribeira, em Lisboa - tornou-se num centro de distribuição de alimentos e ajuda humanitária para milhares de pessoas.
Ao Notícias ao Minuto, Inga sublinha que apesar dos bombardeamentos registados na cidade “o trabalho continua” porque “precisam de ganhar esta guerra”.
“Ataques com ‘rockets’ são definitivamente assustadores, mas o centro continua a funcionar, não importa o que aconteça, porque precisamos de vencer esta guerra”, contou. “Não temos outra pátria e, infelizmente, as altas autoridades dos países europeus que nos podem ajudar são muito passivas na ação (como o apoio com armamento, fechar o espaço aéreo, etc)”, criticou ainda.
Com as autoridades de Odessa a esperar um ataque russo para bloquear o acesso da Ucrânia ao Mar Negro e com relatos de ataques russos contra a ajuda humanitária noutras regiões ucranianas, Inga assegura que “os carregamentos do nosso centro sempre chegaram apesar dos bombardeamentos”. “Fazemos o nosso melhor para isso”, afirmou.
Localizado no centro da cidade de Odessa, o ‘Odesa Humanitarian Volunteer Center’ conta com cerca de 300 voluntários - todos habitantes da região - distribuídos em diferentes áreas, que passam por medicina, logística, recepção e triagem de ajuda humanitária, higiene, alimentação, armazenamento, relações públicas, comunicação e informática.
“Quando futuros voluntários chegam até nós, fazemos uma apresentação durante a qual descobrimos o que fizeram antes e o que pretendem fazer no centro. Então, eles podem escolher a área de atividades em que estão prontos a ajudar”, começa por explicar Inga. “A maior parte das vezes, os voluntários são auto-organizados e alocados por eles próprios. São pessoas muito responsáveis”, acrescenta.
O principal problema que enfrentamos agora é o dinheiro, porque depois da tragédia em Bucha, Irpin e Mariupol, o nosso centro está a ajudar toda a Ucrânia
Só nas primeiras duas semanas da guerra na Ucrânia, foi possível recolher mais de 13 toneladas de bens alimentares, além de sete mil sacos cama, 15 mil conjuntos de roupa interior térmica e dezenas de milhares de medicamentos para deslocados internos, refugiados e civis e militares de Odessa e Mykolaiv que sofreram com os ataques das tropas russas. Agora, continuam a ser precisos “produtos de armazenamento a longo prazo, bens alimentares essenciais, água, roupa interior, sacos de cama, medicamentos, produtos de higiene e utensílios domésticos”, mas a principal necessidade é económica.
“O principal problema que enfrentamos agora é o dinheiro, porque depois da tragédia em Bucha, Irpin e Mariupol, o nosso centro está a ajudar toda a Ucrânia”, revela, acrescentando que “cerca de 10 mil pessoas são ajudadas por dia em todo o país”.
As “maiores contribuições chegam de empreendedores ucranianos”, como representantes de empresas, grandes fabricantes, pequenas lojas familiares e cadeias de supermercados. Mas também “todos os cidadãos de todas as idades estão empenhados em fornecer diariamente aos civis e àqueles que se levantaram para lutar pela Ucrânia tudo o que for necessário”.
No entanto, o centro aceita doações estrangeiras, especialmente “monetárias e de ajuda humanitária”. “A ajuda humanitária pode ser enviada para o nosso armazém na Roménia. Entregamos os bens ao centro por nós próprios”, explica. Já a ajuda monetária é aceite através de transferências bancárias ou através da plataforma Revolut.
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