O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia disse, durante uma entrevista transmitida esta segunda-feira, que as tropas russas não vão interromper as operações militares na Ucrânia antes das próximas conversações de paz.
"Depois de nos convencermos de que os ucranianos não estavam a planear fazer o mesmo [suspender as operações militares], foi tomada a decisão de que, durante as próximas rondas de conversações, não haverá pausas até que se chegue a um acordo final", disse Sergei Lavrov", citado pela Reuters.
Durante a entrevista transmitida pela televisão estatal, o ministro disse ainda que a política europeia sofreu uma "séria" reviravolta depois de Josep Borrell, alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, pedir que o bloco continue a fornecer armamento à Ucrânia. "Menos aplausos e mais armas", pediu o responsável.
O chefe da diplomacia europeia disse ainda que "esta guerra será ganha no campo de batalha" na Ucrânia. Perante estas declarações, Lavrov considerou que houve "uma mudança radical das regras do jogo".
O ministro russo sustentou que, quando um diplomata sénior, um líder de um país ou organização diz algo como o que Borrell disse, isto significa "ou que ele guarda um rancor pessoal ou que fala demais e diz algo que ninguém lhe pediu para dizer".
Na mesma entrevista, Lavrov referiu ainda que "a UE nunca se projetou como uma organização militar" e descreveu como uma "mudança qualitativa" a decisão da Alemanha de "alocar pela primeira vez na história 100 mil milhões de euros" para "fortalecer a sua área militar".
O responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros disse que não via nenhum motivo para que as negociações não continuassem entre as duas delegações, mas que a posição de Moscovo era agora a de não cessar-fogo durante esses momentos. Segundo Lavrov, Vladimir Putin ordenou a suspensão das operações militares durante a primeira ronda de negociações.
Recorde-se que Lavrov considerou, a semana passada, que Kyiv apresentou uma proposta de paz "inaceitável" e que, segundo o ministro russo, não ia ao encontro daquilo que as duas partes já tinham conversado durante as outras rondas. Os representantes na Ucrânia responderam que estas afirmações estavam a ser feitas por forma a desviar a atenção das acusações de crimes de guerra de que as tropas russas têm sido alvo.
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