"A comissão não tem competência ou avaliação correta do conflito desencadeado pela Frente de Libertação do Povo Tigray [TPLF] em violação da trégua humanitária", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros etíope.
O Governo de Adis Abeba salientou que "a comissão não pode arrogar-se um mandato para se pronunciar sobre questões de paz e segurança" e acrescentou que "o seu apelo à ação contra a Etiópia por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas mostra apenas um comportamento imprudente".
A diplomacia etíope considerou que este apelo "reafirma o argumento do Governo de que a resolução que criou a comissão e o trabalho da comissão são politicamente motivados".
"A comissão transformou os direitos humanos numa arma de pressão política e expôs as suas verdadeiras intenções, fechando todas as portas à cooperação com o governo", afirmou, sublinhando que Adis Abeba "continuará a respeitar e a assegurar o respeito pelos direitos humanos e a levar os violadores à justiça".
O comunicado foi publicado uma semana após os membros da comissão terem dito que "dada a gravidade da situação" devido ao recrudescimento dos combates entre o exército e a TPLF, em 24 de agosto, após cerca de cinco meses de tréguas, é necessário que o Conselho de Segurança "mantenha a situação na Etiópia e no Corno de África na sua agenda".
Também salientou que "as tropas eritreias estão a participar nas hostilidades" e alertou para o risco de a guerra "alastrar a outros Estados".
Anteriormente, a TPLF tinha denunciado novas operações militares eritreias e etíopes no noroeste do Tigray.
Por seu lado, o Governo etíope acusou o grupo, em finais de agosto, de "fechar todas as opções de paz" no norte do país e defendeu as operações militares lançadas contra a TPLF depois de a acusar de violar as tréguas humanitárias e de alargar o conflito às regiões de Amhara e Afar.
O conflito na Etiópia estalou em novembro de 2020 após um ataque da TPLF à base principal do exército em Mekelle, após o que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ordenou uma ofensiva contra o grupo após meses de tensões políticas e administrativas.
Está atualmente em vigor uma "trégua humanitária", embora ambas as partes se tenham acusado mutuamente de impedirem a entrega de ajuda.
A TPLF acusa Abiy de alimentar tensões desde que chegou ao poder em abril de 2018, quando se tornou o primeiro oromo a tomar posse.
Até então, a TPLF tinha sido a força dominante no seio da coligação governante da Etiópia desde 1991, a Frente Democrática Revolucionária Popular Etíope (EPRDF), de base étnica. O grupo opôs-se às reformas da Abiy, que considerou como uma tentativa de minar a sua influência.
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