"Não queremos que nos realojem, queremos que nos deixem onde estávamos, onde temos 'feito vida' [trabalhado] desde há mais de 20 anos e precisamos do apoio da imprensa porque querem fazer-nos invisíveis", afirmou um dos afetados.
Carlos Rodrigues explicou que a estrutura foi desocupada devido ao incêndio e que têm insistido junto das autoridades locais para que sejam autorizados a regressar aos seus lugares de trabalho.
"Queremos recuperar o nosso centro comercial por autogestão, se o Governo não tiver os recursos, comprometemo-nos, por autogestão, a recuperá-lo", disse.
Segundo o comerciante, "já foram feitas avaliações", o Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária) "já fez um relatório de danos", afirmando "que a estrutura é habitável".
"A Proteção Civil diz também que é habitável, mas os bombeiros dizem que não é", frisou Carlos Rodrigues.
Os comerciantes denunciam que cada vez que realizam um protesto, lhes enviam a polícia municipal e o Sebin (serviços de informação), para que desistam "dessa ação".
No entanto, insistem que a situação tem de chegar ao conhecimento dos governantes, inclusive do Presidente da República, Nicolás Maduro, porque "quase 70% dos comerciantes são anciãos que precisam continuar a trabalhar".
Em 31 de julho, um incêndio num conhecido centro comercial de Caracas destruiu 268 lugares comerciais, causando danos em 11 espaços de portugueses, três deles com perdas totais.
O incêndio, que registou apenas danos materiais teve lugar no Mercado de Los Corotos, em Quinta Crespo, no centro de Caracas, afetou, entre outros, "pequenos espaços comerciais" onde os portugueses vendiam bebidas alcoólicas, roupas e calçado para homem, acessórios eletrónicos, roupa de cama, papelaria e bolos.
Em 03 de agosto, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou através da rede social Twitter que foi detido um homem suspeito de provocar o incêndio.
"O Ministério Público de Venezuela acusou José Manuel Lafuente pelos crimes de fogo provocado agravado, manipulação imprópria de substâncias perigosas, danos à propriedade e de fazer justiça pelas suas próprias mãos, no incêndio (...) ocorrido no Mercado de Los Corotos" anunciou o procurador-geral, que acompanhou a mensagem com uma foto do detido.
Tarek William Saab não avançou mais informações sobre o detido, o que fez que alguns utilizadores da rede social questionassem o que teria feito José Manuel Lafuente para ser acusado de "fazer justiça pelas suas próprias mãos".
Uma equipa de funcionários do consulado-geral de Portugal em Caracas esteve no local do incêndio, estando a acompanhar a situação dos portugueses afetados.
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