No discurso de abertura do 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), que deve reforçar o estatuto de Xi, o líder chinês exaltou as conquistas dos últimos cinco anos e disse que o partido vai lutar em prol do "rejuvenescimento" da nação.
"O nosso futuro é brilhante, mas ainda temos um longo caminho a percorrer", disse Xi Jinping, perante os mais de 2.000 delegados presentes na abertura do evento, que se realizou no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, no centro de Pequim.
"Devemos inculcar uma noção mais firme de propósito e autoconfiança em todo o Partido e no povo chinês, para que não sejamos influenciados por falácias, dissuadidos pela intimidação ou intimidados pela pressão", apontou.
O 20.º Congresso do PCC, que dura uma semana, deve pôr termo a duas décadas de sucessão política ordenada, ao atribuir um terceiro mandato a Xi.
O líder chinês pediu mais investimento no Exército de Libertação Popular e reafirmou que a China não vai descartar o uso da força para anexar a ilha de Taiwan.
"A reunificação definitivamente deve ser alcançada e definitivamente vai ser alcançada", assegurou.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
As Forças Armadas da China devem "salvaguardar a dignidade e os interesses centrais da China", defendeu Xi Jinping. A China tem o segundo maior orçamento de Defesa do mundo, a seguir aos Estados Unidos, e está a tentar ampliar o seu alcance, através do desenvolvimento de mísseis balísticos, porta-aviões e da capacidade nuclear.
"Vamos trabalhar mais rápido para modernizar a teoria militar, pessoal e armamento", disse Xi, num discurso pontuado pelos aplausos dos delegados. "Vamos melhorar as capacidades estratégicas dos militares", apontou.
O líder chinês defendeu também a política de 'zero casos' de covid-19, que praticamente encerrou o país ao exterior, dizendo que "coloca as pessoas e as suas vidas acima de tudo".
A China "protegeu fortemente a segurança e a saúde das pessoas, e alcançou resultados positivos significativos ao coordenar a prevenção e o controlo da epidemia com o desenvolvimento económico e social", apontou.
O encerramento das fronteiras e os repetidos confinamentos travaram o acelerado crescimento económico da China. O Banco Mundial estima que o PIB (Produto Interno Bruto) da China cresça 2,8%, este ano, cerca de metade da meta definida por Pequim.
O mais importante evento da agenda política da China, que se realiza a cada cinco anos e reúne, vai apresentar também, no último dia, a nova formação do Comité Permanente do Politburo do PCC, que é composto por sete membros, entre os quais o líder, Xi Jinping.
Todas as reuniões vão ser realizadas à porta fechada.
Observadores da política chinesa esperam que o congresso aprove uma emenda à carta magna do PCC, que pode elevar ainda mais o estatuto de Xi como líder, e que o actual secretário-geral da organização promova aliados que compartilhem as suas ambições.
O porta-voz do congresso, Sun Yeli, deu poucos detalhes, durante uma conferência de imprensa realizada no sábado. Sun disse que as mudanças "atenderiam a novos requisitos para avançar no desenvolvimento e no trabalho do Partido, face a novas circunstâncias e novas tarefas".
O congresso anterior, realizado em 2017, incorporou a ideologia de Xi, conhecida como "Pensamento Xi Jinping", na carta magna do Partido. A ideologia é vaga, mas enfatiza a retomada da missão do PCC como líder político, económico, social e cultural da China.
Sob a governação de Xi, a China adoptou também uma política externa cada vez mais assertiva e reforçou o aparelho de censura interno e a repressão contra dissidentes.
A reivindicações territoriais de Pequim nos mares do Sul e do Leste da China e na região dos Himalaias suscitaram tensões com os países vizinhos. Os Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia formaram um grupo estratégico apelidado de Quad, visando conter as ambições regionais da China.
O Partido aumentou também o domínio da indústria estatal e investiu em iniciativas estratégicas destinadas a dominar as indústrias do futuro, incluindo energia renovável, veículos eléctricos, semicondutores, indústria aeroespacial e outras tecnologias.
Isto gerou uma prolongada guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos.
Xi Jinping disse que o Partido vai intensificar o desenvolvimento tecnológico e "garantir a segurança" das suas fontes de alimentos e cadeias industriais, através da "auto-suficiência". A estratégia passa por melhorar o sistema educacional da China e atrair especialistas estrangeiros. Ele disse que Pequim lançará "grandes projetos nacionais" com "uma visão a longo prazo", mas não deu mais detalhes.
O líder chinês disse ainda que as medidas tomadas em Hong Kong, após os protestos pró-democracia de 2019, restauraram a ordem e garantiram que a região semiautónoma é governada por patriotas.
Hong Kong "entrou num novo estágio, no qual restaurou a ordem e está pronto para prosperar".
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