Para Gao Zhikai, o Taiwan Policy Act (TPA) trata Taiwan como "um país soberano e independente", o que "enterra por completo a política de 'Uma só China', que tem sido a base sobre a qual as relações diplomáticas China - Estados Unidos foram construídas".
O TPA constitui uma "declaração de guerra dos EUA contra a soberania e a integridade territorial da China", avisou, o que "desencadeará uma série de eventos que podem remodelar completa e profundamente o mundo, a ordem mundial e a humanidade como um todo para as próximas gerações".
O projecto de lei prevê a ampliação do apoio militar norte-americano a Taiwan em 6,5 mil milhões de dólares, ao longo dos próximos cinco anos, e propõe a primeira grande reestruturação da abordagem de Washington em relação à ilha, desde que rompeu relações com Taipé e passou a reconhecer Pequim como o único Governo legítimo de toda a China, em 1979. O documento exige ainda que o Governo norte-americano promova a participação de Taiwan nas organizações internacionais, incluindo nas Nações Unidas.
Pequim considera o princípio 'Uma só China' como a base política das relações diplomáticas com outros países. Reconhecer Taiwan como um Estado soberano equivale a romper os laços diplomáticos com a República Popular da China.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Pequim considera Taiwan, que oficialmente se chama República da China - o regime vigente no continente chinês antes de 1949 -, parte do seu território, e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.
"Qualquer tentativa dos EUA de promover a independência substantiva de Taiwan vai provavelmente desencadear a ressurreição da guerra civil inacabada na China", afirma Gao, que serviu como intérprete do antigo líder chinês Deng Xiaoping.
"Ninguém em Washington deve fingir ignorar o facto de que o reconhecimento diplomático mútuo entre China e EUA moldou profundamente o mundo", lembra. "A China nunca vai dar a nenhum país, em nenhum lugar, qualquer chance de reconhecer diplomaticamente 'Uma China, Uma Taiwan'".
O comentador considera que tal ação equivaleria a "dividir a China em pedaços".
No discurso de abertura do 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), em meados deste mês, o líder chinês, Xi Jinping, pediu mais investimento no Exército de Libertação Popular e reafirmou que a China não vai descartar o uso da força para anexar a ilha de Taiwan. "A reunificação definitivamente deve ser alcançada e definitivamente vai ser alcançada", assegurou.
Gao Zhikai diz que o "aviso" está dado. "A bola agora está do lado dos Estados Unidos", aponta.
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