A Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil espanhola conseguiu identificar todos os elementos de um suposto grupo criminoso sediado na província de Cáceres que se dedicava, não só à distribuição ilícita de substâncias medicinais dentro e fora do país, mas também ao fabrico dos mesmos e à distribuição de substâncias proibidas no desporto. Os contemplados foram atletas de alto nível, avança o La Razon.
Uma vez identificados os supostos integrantes do referido grupo, e após mais de um ano de monitoramento de atividades, foi possível identificar outras três pessoas relacionadas em Portugal, Guipúzcoa e Castellón.
O alegado grupo criminoso atuava como intermediário entre os fabricantes e distribuidores iniciais e os consumidores finais.
Segundo o mesmo meio de comunicação, os atletas foram recrutados por várias pessoas intimamente ligadas ao mundo do desporto profissional. Os serviços eram prestados por um conhecido médico desportivo e consistiam na preparação do treino, suplementação nutricional, incluindo o consumo de drogas e substâncias proibidas.
Ao longo da investigação foi possível corroborar como estes atletas, uma vez em contacto com o referido médico e o seu assistente, doutor em Fisiologia do Exercício, foram submetidos a um estudo prévio através de análises e testes de esforço. Estes foram realizados nas instalações da Faculdade de Ciências do Desporto da Extremadura, bem como a fabricação, receção e armazenamento de certos medicamentos, onde um dos principais pesquisadores desempenhou funções de docente.
Era elaborado um plano de treino, que incluía o consumo de drogas não autorizadas na Espanha, bem como outras incluídas na lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidoping, com um calendário detalhado de consumo antes de participar de várias competições oficiais.
Os investigados cobravam aos atletas, que consoante o escalão e a possibilidade de obtenção de prémios, podiam pagar até 3.000 euros por época. Entre os consumidores finais, foi identificado um menor de idade, refere ainda o La Razon.
Os medicamentos e substâncias proibidas chegavam aos atletas por terceiros para ocultar a relação médico-atleta e, em alguns casos, eram entregues diretamente em mãos quando se tratava de atletas de alto nível.
A operação resultou na detenção de duas pessoas pela prática de crimes de tráfico de drogas e doping no desporto, associação criminosa e lavagem de dinheiro, além de seis pessoas investigadas.
Foram anda descobertos vários medicamentos não autorizados em Espanha, como Actovegin®, Ácido Dicloroacético (DCA) e Teofilina, bem como substâncias proibidas no desporto, como a Hormona Menotropina, assim como outras fornecidas aos desportistas, como a cafeína em injetáveis ou supositório e um grande número de cápsulas vazias preparadas para serem preenchidas com um desses medicamentos para posterior distribuição.
A operação continua em aberto e as informações contidas em aparelhos eletrónicos apreendidos - como computadores, discos rígidos e outros - estão a ser estudadas, não sendo descartadas novas detenções ou investigações.
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