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Teto no gás baseia-se na tese de que "russos são os culpados de tudo"

Na ótica de Dmitry Medvedev, tal como aconteceu com o petróleo, a medida implementada pela UE "não é ditada pela lógica económica, mas pelo ódio animalesco à Rússia".

Teto no gás baseia-se na tese de que "russos são os culpados de tudo"

Face ao acordo alcançado pelos ministros da Energia da União Europeia (UE), que estabeleceram um limite máximo para o preço do gás importado, na segunda-feira, o antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, lançou farpas a Bruxelas, esta sexta-feira, considerando que a decisão tem por base uma “tese maníaca” de que “os russos são os culpados de tudo”.

“A UE chegou ao gás”, começou por escrever o responsável, na rede social Telegram, apontado que “a decisão sobre o teto do preço do gás é tola por duas razões”.

Na sua ótica, tal como aconteceu com o petróleo, a medida “não é ditada pela lógica económica, mas pelo ódio animalesco à Rússia baseado na tese maníaca” de que “’os russos são os culpados de tudo’”.

“Ou seja, é uma medida puramente voluntária, e não de mercado. Além disso, foi adotado com um grande número de ressalvas, permitindo bloquear a sua aplicação. E é por isso que não vai funcionar”, disse.

Além disso, o acordo surge também face à “impotência da UE para influenciar a situação”, no “princípio de que ‘vamos fazer alguma coisa’”.

“É por isso que o limite foi estabelecido num nível em que, há alguns anos, pareceria surpreendente para absolutamente todos os participantes do mercado de gás, incluindo os comerciantes. Afinal, nenhum dos investidores na bolsa TTF poderia imaginar o preço de 180 euros por euros por Megawatt-hora (MWh), mesmo no sonho mais feliz ou infeliz. Isto significa que os preços do gás permanecerão num nível muito alto para os consumidores europeus”, atirou, rematando que “a russofobia idiota, e com ela o empobrecimento dos europeus comuns, está a crescer”.

“Feliz Natal!”, ironizou.

De notar que as tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, uma vez que a UE ainda depende dos combustíveis fósseis russos, como o gás (apesar de ter reduzido as importações por gasoduto de 40% para menos de 10%), temendo cortes e perturbações no fornecimento este inverno.

Contudo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu que o bloco europeu está "a salvo" este inverno no que diz respeito ao fornecimento energético, após a "chantagem da Rússia ter falhado", pedindo, no entanto, investimentos em energia limpa, financiados por um novo fundo soberano.

O abastecimento de gás russo por gasodutos à UE caiu 80% em setembro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo dados os mais recentes da Organização as Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A entidade confirmou ainda que já morreram 6.755 civis desde o início da guerra e 10.607 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.

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