Apesar de ter registado um progresso ligeiro de 1,1 pontos na última década, entre 2012 e 2021, período coberto por este estudo, a curva de crescimento que o IIAG vinha a registar desde 2014 entrou num planalto desde 2019.
A desaceleração deve-se sobretudo ao aumento de conflitos armados, repressão contra civis e retrocessos democráticos em geral, que causaram deteriorações em termos de segurança, respeito do Estado de direito, participação e direitos civis.
Estes recuos anularam avanços registados em África com mais oportunidades económicas e desenvolvimento humano, em particular no acesso a cuidados de saúde.
A estagnação, refere a Fundação Mo Ibrahim, responsável pelo trabalho, ameaça os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Agenda 2063 da União Africana, que pretendem colocar o continente no caminho do desenvolvimento económico inclusivo e sustentável.
"O nosso continente está singularmente exposto aos impactos convergentes das alterações climáticas, mais recentemente da covid-19, e agora ao impacto indireto da guerra Rússia-Ucrânia", lamentou o empresário e filantropo sudanês Mo Ibrahim, presidente da fundação.
Mo Ibrahim receia que a derrapagem continue, urgindo os líderes africanos a agir para combater a insegurança alimentar, a falta de acesso à energia, o desemprego jovem e a instabilidade social e política.
"Estes são tempos difíceis. Mais do que nunca, o compromisso de fortalecer a governação deve ser renovado, ou vamos perder todo o progresso alcançado", avisou.
O Índice Ibrahim de Governação Africano mede anualmente a qualidade da governação em 54 países africanos através da compilação de dados estatísticos do ano anterior.
O IIAG 2022 constata que 35 países registaram melhorias, enquanto 19 verificaram um declínio na década entre 2012 e 2021. Porém, o progresso abrandou nos últimos cinco anos, parte dos quais coincidem com a pandemia de covid-19.
O impacto da guerra na Ucrânia, que começou em 2022, ainda não está abrangido por este estudo.
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