EUA acusam três homens de orquestrarem assassinato de ativista iraniana

A alegada vítima será Masih Alinejad, uma ativista que tem alertado para os abusos de direitos humanos no Irão.

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Notícias ao Minuto
27/01/2023 19:15 ‧ 27/01/2023 por Notícias ao Minuto

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Irão

Os Estados Unidos anunciaram, esta sexta-feira, que vão processar três homens, suspeitos de liderarem um plano apoiado pelo regime iraniano para matar uma autora e ativista irano-americana.

Os acusados são Rafat Amirov, de 43 anos e de origem iraniana; Polad Omarov, de 38 anos, natural da República Checa e Eslovénia; e Khalid Mehdiyed, um cidadão norte-americano de Nova Iorque com 24 anos.

Os três são acusados de participarem num esquema de lavagem de dinheiro e de serem contratados para matar uma personalidade com dupla nacionalidade norte-americana e iraniana, que não foi identificada.

No entanto, a ativista e opositora Masih Alinejad, que está exilada em Nova Iorque, confirmou à Associated Press que era o alvo do plano.

Ao anunciar as acusações, o procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, afirmou que "o governo do Irão tem apontado para dissidentes em todo o mundo, incluindo a vítima, que se opõem às violações de direitos humanos do regime".

Segundo Garland, "indivíduos do Irão" foram contratados para matar a ativista.

Alinejad, conhecida por lutar contra o regime de Teerão e de denunciar os abusos de direitos humanos perpetrados pela República Islâmica do Irão, garante que "não tem medo".

"O regime iraniano acha que, ao tentar matar-me, pode silenciar-me ou silenciar outras mulheres. Mas apenas me deram força, tornaram-me mais poderosa para lutar pela democracia e deram uma voz às corajosas mulheres que estão a enfrentar armas e balas nas ruas para se livrarem da República Islâmica", disse Alinejad, à Associated Press.

A ativista contou ainda que leu as mensagens trocadas entre os três detidos, nas quais estes anunciavam a data para a matar.

Segundo explica a Associated Press, um dos homens, Khalid Mehdiyed, foi detido no ano passado enquanto circulava pelo bairro onde mora Masih Alinejad com uma arma carregada e várias dezenas de munições. Na altura, as câmaras da sua casa apanharam o o homem a espreitar para o interior da sua habitação.

Foram também encontradas fotografias do interior da casa da vítima na posse dos três homens.

Nenhuma representação diplomática nem nenhum órgão governamental iraniano responderam às acusações dos três homens e às alegadas ligações ao regime.

As críticas de Masih Alinejad surgem também numa altura em que o Irão enfrenta protestos inéditos contra o regime teocrático e contra as autoridades opressivas do país. A morte da jovem curda Mahsa Amini despoletou manifestações no Irão, e em todo o mundo. Se, por um lado, a revolta começou por ser contra a discriminação das mulheres iranianas e contra a limitação das suas liberdades individuais, essa mesma revolta rapidamente passou a traduzir-se num descontentamento geral pelo regime liderado pelo ayatollah Ali Khamenei.

Esta não é a primeira vez que um opositor ao regime iraniano passa a ser um alvo direto devido às suas opiniões, mesmo vivendo fora do país. O caso mais mediático é o do autor Salman Rushdie, que foi violentamente atacado em agosto ano passado, depois de uma vida de grande oposição ao regime e de a sua literatura ter provocado a ira das autoridades do Irão, ao ponto de ser declarada uma fatwa contra o escritor.

Leia Também: Líder religioso iraniano critica violência para impor véu a mulheres

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