Um deputado regional russo filmou-se com fios de esparguete nas orelhas, dando vida a uma expressão conhecida no país por fazer alusão a alguém que mente ou que tenta ‘passar a perna’ aos outros, enquanto assistia à transmissão do discurso proferido pelo presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira. Agora, o deputado será investigado pelo Partido Comunista da Rússia, que prometeu averiguar a sua conduta.
Mikhail Abdalkin, representante da região administrativa de Samara, no sul do país, captou a atenção dos internautas ao publicar um vídeo em que assistia ao discurso do chefe de Estado com esparguete nas orelhas, além de uma fotografia do momento.
“Ouvi um discurso de duas horas do presidente. Concordo totalmente com tudo, ótimo desempenho. Não ouvia nada assim em 23 anos. Agradavelmente surpreendido”, escreveu.
No discurso de cerca de duas horas à câmara baixa do parlamento russo, Putin prometeu que o país sairá vitorioso no conflito com a Ucrânia, ao mesmo tempo que trabalhará para melhorar as condições de vida dos seus cidadãos.
As imagens, - que poderá ver na galeria acima -, não tardaram a ser alvo de críticas. Numa longa publicação na rede social Telegram, Aleksandr Khinshtein, membro da Duma estatal de Samara, denunciou a conduta de Abdalkin, que considerou ser “estranha, no mínimo, e mais apropriada para um ucraniano, não para um deputado russo”.
O responsável instou, por isso, o Partido Comunista da Rússia a “colocá-lo na ordem, […] a menos, é claro, que as declarações sobre o apoio ao presidente não sejam apenas palavras”.
Nessa linha, o porta-voz do partido, Alexander Yushchenko, assegurou, na quinta-feira, que a situação será investigada. Yushchenko considerou, no entanto, que tudo não terá passado de “um desejo momentâneo de ser popular, de ter uma dúzia de gostos”, aconselhando o deputado "a voltar à vida real", diz a agência RIA.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de oito mil civis desde o início da guerra e 13.287 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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