Devido à sua localização na África Austral, Moçambique está exposto a "impactos significativos" do fenómeno que se forma no Oceano Pacífico e com influência em todo o globo, disse à Lusa Bernardino Nhantumbo, climatologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique.
A Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, sigla inglesa) anunciou na quinta-feira que se tinha iniciado um novo El Ninõ, que consiste em temperaturas mais quentes do que o normal na superfície do oceano Pacífico equatorial e que ocorre aproximadamente a cada dois a sete anos.
"Dependendo da sua severidade e da ação dos fatores meteorológicos locais, podemos ter situações de seca na zona sul e centro do país", acrescentou.
Bernardino Nhantumbo disse que não é possível prever quando é que a estiagem vai afetar o país e por quanto tempo, porque se trata de "um fenómeno progressivo".
Assinalando que o pico das chuvas em Moçambique acontece entre dezembro e fevereiro, aquele climatologista declarou que a quantidade de precipitação e a gestão hídrica que se fizer nesse período serão importantes para a mitigação do impacto do El Niño.
"Se nós tivermos alguma perturbação [em termos de chuvas anormais] nesse período, os impactos setoriais são severos", em domínios "como a agricultura, gestão dos recursos hídricos e produção hidroelétrica", realçou Bernardino Nhantumbo.
Por isso, continuou, o país deve ter capacidade de encaixe da chuva, para atenuar o efeito da seca.
Aquele climatologista recordou que Moçambique foi atingido com intensidade pelo El Niño entre 2018 e 2019, seguindo-se depois o período La Niña, com condições inversas, que provocou chuvas acima do normal em todo o território nacional.
A variação dos fenómenos naturais é amplificada pela exposição de Moçambique a fenómenos extremos, na rota de ciclones da bacia do Índico, e devido às vulnerabilidades que o tornam num dos países com maior risco de impacto das alterações climáticas, segundo a análise de diversas organizações internacionais.
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