França proibirá abayas islâmicas nas escolas. Serão dadas "regras claras"
O ministro da Educação, Gabriel Attal, garantiu que seriam dadas "regras claras" às escolas antes ainda do início escolar, que começa a 4 de setembro.
© Sean Gallup/Getty Images
Mundo Islão
O ministro da Educação de França, Gabriel Attal, anunciou, este domingo, que vai se proibido o uso de abayas islâmicas nas escolas. "Já não será possível usar uma abaya nas escolas", referiu o responsável à estação televisiva TF1, citado pela agência France-Presse.
Questionado sobre este tema polémico após incidentes relacionados com o uso da abaya, um vestido longo tradicional ou túnica que cobre todo o corpo, o ministro anunciou no canal de televisão TF1 que gostaria de falar "a partir da próxima semana" com os responsáveis dos estabelecimentos escolares para ajudá-los a fazer cumprir esta proibição.
"A laicidade é a liberdade de emancipar-se através da escola", insistiu o ministro. Após a sua nomeação para a tutela do Ministério da Educação e Juventude no final de julho, o governante considerou que ir à escola vestindo uma abaya era "um gesto religioso destinado a testar a resistência da República sobre santuário secular que deveria ser a escola", prometendo ser "firme sobre o assunto".
"Deve poder entrar-se numa sala de aula [e] não ser capaz de identificar a religião dos alunos ao olhar para eles", afirmou hoje novamente o ministro, na TF1.
A questão do uso da abaya, que não é um símbolo religioso muçulmano segundo o Conselho Francês para o Culto Muçulmano (CFCM), já tinha sido objeto de uma circular do Ministério da Educação em novembro passado.
Nessa circular, as abayas são consideradas - assim como as bandanas e as saias longas, também citadas - como trajes que podem ser proibidos se forem "usados de forma a manifestar ostensivamente uma filiação religiosa".
Mas os responsáveis dos estabelecimentos de ensino aguardavam regras mais claras sobre este assunto face ao recrudescimento dos incidentes.
Segundo uma nota dos serviços do Estado, da qual a AFP obteve uma cópia, os ataques ao secularismo, muito mais numerosos desde o assassinato do professor Samuel Paty, em 2020, perto do seu colégio, aumentaram 120% entre o ano letivo 2022/2023 e 2021/2022.
Desde a lei de 15 de março de 2004, "nas escolas, faculdades e liceus públicos é proibido o uso de sinais ou trajes pelos quais os alunos demonstrem ostensivamente filiação religiosa".
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