A primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, deu uma entrevista à BBC na qual falou sobre o impacto emocional que a guerra tem na sua família.
"Isto pode parecer um pouco egoísta, mas preciso do meu marido a meu lado, não de uma figura histórica", referiu na entrevista publicada esta terça-feira.
"Mas permanecemos fortes, somos tão fortes emocionalmente como fisicamente. E tenho a certeza de que vamos aguentar isto juntos", rematou.
À imprensa, confessa mesmo que nunca sonhou que o marido se tornasse nesta figura, mas garante que ele "tem mesmo essa energia, força de vontade, inspiração e teimosia para atravessar esta guerra".
"Acredito nele. E apoio-o. Sei que ele é forte. Penso que para qualquer outra pessoa esta situação seria muito mais difícil. Ele é mesmo forte e resiliente. E é dessa resiliência de que precisamos", afiançou.
A família e os sonhos 'adiados'
Zelenska falou ainda sobre o início de guerra, e de como sentia "constantemente adrenalina". Com o passar do tempo, a primeira-dama, que tem dois filhos com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, percebeu que precisava de se acalmar e começar a viver a sua vida "nas condições existentes".
Ainda em 2022, ano em que começou a guerra, a primeira-dama começou também a fazer parte de eventos e a encontrar-se com líderes mundiais.
Mas para além do papel como marido, Zelenska falou ainda do tempo em família que está em falta. "Não vivemos com o meu marido, a família está separada [...]. Temos a oportunidade de nos ver de vez em quando, mas não tão frequentemente quanto gostávamos. O meu filho sente a falta do pai", apontou, referindo-se a Kyrylo, de dez anos.
Apesar de os pais estarem constantemente a aparecer, o paradeiro das crianças é um mistério, já que nunca foram vistos desde que a guerra começou. "Custa-me ver os meus filhos não fazerem planos. A minha filha [Oleksandra] tem 19 anos. Sonham em viajar, com novas emoções e sensações. Ela não tem essa oportunidade", lamentou.
E o futuro?
A primeira-dama está a preparar uma cimeira em Kyiv focada na saúde mental e resiliência. "Espero que possa inspirar alguém, possa ajudar alguém e dar-lhes esperança, ou provar com o meu exemplo que nós vivemos, trabalhamos e seguimos", rematou.
"Ninguém sabe o que vem a seguir. Afinal, ninguém poderia imaginar que no séc. XXI uma guerra podia aconteceu na Europa - que seria tão cruel. Uma guerra sangrenta. Nunca imaginarei que seria eu neste papel", concluiu.
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