O centro de receção de migrantes na ilha de Lampedusa, no extremo sul de Itália, continuava hoje sobrecarregado, com a Cruz Vermelha a referir que ainda havia 4.200 migrantes no centro, dos 6.800 que chegaram à pequena ilha turística e pesqueira nos cerca de 120 barcos que partiram da Tunísia.
Embarcações comerciais e navios militares italianos estão a transportar recém-chegados a Lampedusa para a Itália continental, noticiou a agência Associated Press (AP).
"Depois de um dia particularmente desafiador como ontem [quarta-feira], hoje as pessoas estão a ser continuamente transferidas", sublinhou Francesca Basile, da Cruz Vermelha Italiana.
Os movimentos dos migrantes recém-chegados são geralmente rigorosamente controlados, mas com o centro de receção lotado, alguns fugiram e foram vistos por toda a ilha, segundo voluntários.
A televisão italiana Sky TG24 relatou que apenas um barco de migrantes chegou hoje à ilha, transportando 44 pessoas.
O presidente da Câmara de Lampedusa, Filippo Mannino, criticou a União Europeia (UE) por deixar o país abandonado a lidar com um grande número de migrantes que chegam, referindo que o bloco "permaneceu em silêncio todos estes meses".
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, frisou hoje, à margem de uma conferência na Hungria, que os problemas criados pelo envelhecimento da população italiana não devem ser resolvidos com os imigrantes a trabalhar para apoiar o sistema de segurança social e manter a economia a funcionar.
Meloni destacou que apoiará um sistema de quotas para a imigração legal "quando necessário e onde puder ser totalmente integrado".
O ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi, manteve hoje uma conversa telefónica com a comissária europeia de assuntos internos, Ylva Johansson, sobre a situação dos migrantes, reconhecendo efetivamente que a abordagem atual não está a funcionar.
"Concordámos na necessidade de desenvolver uma nova estratégia operacional europeia contra os traficantes de seres humanos", vincou Piantedosi, num comunicado divulgado pelo seu gabinete.
Uma reunião bilateral em Bruxelas está planeada para breve, acrescentou a mesma fonte.
A Itália tem um acordo de repatriamento com a Tunísia para enviar de volta os tunisinos considerados inelegíveis para asilo, mas não com a maioria dos outros países cujos migrantes desembarcam em Itália.
De acordo com o Ministério do Interior, quase 126 mil migrantes chegaram a Itália por via marítima este ano até hoje de manhã, quase o dobro do número registado na mesma altura do ano passado.
Outros 180 migrantes foram hoje resgatados no mar e levados para a cidade portuária de Salerno, a sul de Nápoles.
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