O Programa Alimentar Mundial (PAM) perspetiva aumentar o ritmo de entrega de alimentos para 21 mil refeições nas próximas duas semanas, às quais se acrescentam a entrega de ingredientes como cereais ou óleo para 30 mil pessoas, anunciou aquela agência da ONU.
"O PAM está preparado para entregar cartões de racionamento a mais de 6.000 pessoas e compromete-se a trabalhar com parceiros para aumentar o número, de acordo com a necessidade", disse a agência, num comunicado.
O Programa Alimentar Mundial realçou que o número de deslocados na fronteira arménia "dispararam dramaticamente nos últimos dias, o que levou a longas filas nos postos fronteiriços".
No comunicado, lamenta que muitos dos refugiados cheguem "exaustos" às novas instalações de acolhimento, em Goris, na província arménia de Syunik, no sudeste do país.
A diretora do PAM na Arménia, Nanna Skau, referiu que aquela agência da ONU está "extremamente preocupada" com o impacto na vida dos deslocados, pedindo que os afetados pelo conflito recebam apoio humanitário "constante e oportuno".
De acordo com dados oficiais, cerca de 120 mil arménios viviam naquele enclave, antes de o Governo separatista de Nagorno-Karabakh ter anunciado a sua dissolução.
Hoje, o porta-voz do primeiro-ministro arménio referiu que mais de 100 mil refugiados de Nagorno-Karabakh já chegaram àquele país.
"Restam, no máximo, algumas centenas de funcionários públicos, voluntários, operacionais da proteção civil e pessoas com necessidades especiais, que também se estão a preparar para partir", afirmou o antigo provedor de Justiça de Karabakh, Artak Beglarian, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
O Governo separatista do Nagorno-Karabakh anunciou na quinta-feira que se vai dissolver e que a república não reconhecida vai deixar de existir até ao dia 1 de janeiro de 2024.
O anúncio foi feito depois de o Azerbaijão ter levado a cabo uma ofensiva militar para recuperar o controlo total da região separatista e ter exigido que as tropas arménias em Nagorno-Karabakh depusessem as armas e o governo separatista se desmantelasse.
Já no início deste mês, o Conselho Europeu tinha alertado para a "rápida deterioração" da situação humanitária na região, tendo apelado ao Azerbaijão e à Arménia para salvaguardar a população e diminuir as tensões.
As duas ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso enfrentaram-se em duas guerras, no início dos anos 1990 e em 2020, pelo controlo do enclave de Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa cuja população é maioritariamente arménia e que se separou do Azerbaijão há mais de 30 anos.
No final da curta guerra em que, no outono de 2020, o Azerbaijão recuperou territórios dessa região separatista, Baku e Erevan concluíram um cessar-fogo promovido pela Rússia.
As tensões intensificaram-se este ano, quando Baku anunciou, em 23 de abril, ter instalado um primeiro posto de controlo rodoviário à entrada do corredor de Latchin, único eixo que liga a Arménia ao enclave separatista, já submetido a um embargo que causou escassez de bens de primeira necessidade e cortes de energia elétrica.
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