"O resultado dessa conjugação de forças é surpreendente. Conseguiram desativar os terroristas de todas as vilas e aldeias que haviam sido ocupadas, destruíram praticamente todas as bases fixas do inimigo, tornando nómadas, e colocaram fora de combate muitos extremistas violentos, incluindo alguns dos seus principais dirigentes", disse Nyusi, em Mueda, província de Cabo Delgado.
Na intervenção na cerimónia que recordou os 64 anos do "Massacre de Mueda", o chefe de Estado reconheceu o esforço das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em conjunto com os militares do Ruanda, da missão dos países da África austral e da Força Local, constituída por antigos combatentes da luta de libertação nacional, no combate a estes grupos nos últimos seis anos.
"Andam aí no mato, mas já não ficam num sítio porque têm medo de ser encontrados", disse ainda o Presidente, sobre a ação destes grupos insurgentes em alguns distritos de Cabo Delgado, renovando o apelo à população "para continuar a reforçar a vigilância".
Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, o que acontece numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos de cultivo.
Ainda em Mueda, o chefe de Estado inaugurou hoje as obras de reabilitação do aeródromo local, construído na década de 60 e agora "transformado num aeroporto civil e militar" para receber operações mistas.
Com esta reabilitação, a província de Cabo Delgado eleva a quatro o total de pistas, incluindo o aeroporto internacional de Pemba, cidade capital de província que dista cerca de 260 quilómetros de Mueda. Na cerimónia, Filipe Nyusi desafiou o setor dos transportes a equacionar a construção de uma pista também na ilha de Ibo, arquipélago das Quirimbas, naquela província.
Na cerimónia que hoje assinalou a passagem dos 64 anos do "Massacre de Mueda", tido como uma das últimas ações de resistência ao colonialismo português antes do início da luta armada em Moçambique, o chefe de Estado condecorou ainda 240 antigos combatentes.
Em 16 de junho de 1960, um protesto da população local acabaria por ser reprimida pelas autoridades, provocando centenas de mortos no centro de Mueda.
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