"Tivemos amplas discussões com as SAF (Forças Armadas Sudanesas), mas ainda não nos deram qualquer confirmação" de que se deslocarão à Suíça em 14 de agosto, mas "vamos avançar com este evento (...) e isto foi tornado claro para as partes", disse o enviado especial dos EUA para o Sudão, Tom Perriello, numa conferência de imprensa.
O enviado especial indicou também que esta ronda de negociações poderia durar até dez dias e não quis especificar o local por "razões de segurança".
Por outro lado, o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) concordou em participar nas negociações, salientou.
Se os representantes do Governo não comparecerem, "não poderá haver mediação formal", mas "continuaremos a concentrar-nos nos elementos internacionais e técnicos", acrescentou.
No final de julho, Washington convidou as partes em conflito para esta nova ronda de negociações, numa tentativa de pôr fim à guerra devastadora que dura há quase 16 meses.
Na sexta-feira, o Governo sudanês enviou uma delegação a Jeddah, na Arábia Saudita, para discutir com os mediadores americanos as condições de participação do Governo sudanês.
"Anuncio o fim das consultas, sem acordo sobre a participação da delegação sudanesa nas negociações de Genebra", declarou o chefe da delegação, o ministro sudanês das Minas, Mohammed Abou Namo, no Facebook, no domingo.
No final da tarde de domingo, o ministro da Comunicação Social, Graham Abdelkader, falou em nome do Governo, num discurso televisivo.
A delegação sudanesa constatou "a incapacidade dos EUA de pressionar as milícias rebeldes [referindo-se às RSF] a comprometerem-se a aplicar a Declaração de Jeddah", negociada no ano passado durante uma ronda de conversações na Arábia Saudita.
As negociações de Jeddah apenas conduziram a cessar-fogos de curta duração no ano passado, que foram imediatamente rompidos pelo exército e pelos paramilitares.
As conversações na Suíça, copatrocinadas pela Arábia Saudita e pela Suíça, incluirão a União Africana, o Egito, os Emirados Árabes Unidos e a ONU como observadores, segundo Washington.
O Governo sudanês "rejeita qualquer novo observador ou participante", em particular depois de os EUA "terem insistido na participação dos Emirados Árabes Unidos como observador", apesar de o exército acusar regularmente Abu Dhabi de apoiar as RSF, acrescentou o ministro Abdelkader.
Hoje, o enviado especial americano afirmou que "é muito claro que a presença do Egito e dos Emirados Árabes Unidos na mesa de negociações é uma ferramenta potencial incrivelmente importante para garantir que não haja apenas um acordo no papel", afirmando que estes países "podem tornar-se garantes" nas conversações.
A guerra no Sudão, que teve início em abril de 2023, já causou entre 30 mil e 150 mil mortos, segundo diferentes estimativas, a crise de deslocados do planeta.
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