Caso Pelicot: "Estava com vontade, não pensei que ela estivesse drogada"

Um dos acusados do processo de dezenas de violações em França a Gisèle Pelicot, que se tornou um ícone na luta contra a violência sexual, alegou hoje não ter prestado atenção ao facto da vítima estar inconsciente.

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© REUTERS/ZZIIGG

Lusa
26/09/2024 15:47 ‧ 26/09/2024 por Lusa

Mundo

França

"Não estou nada interessado nas filmagens em que a mulher (Gisèle Pelicot) está a dormir. Mas tenho de admitir que não prestei atenção", explicou Fabien S., um homem de 39 anos.

 

Em agosto de 2018, depois de algumas trocas de mensagens no controverso site de sexo coco.fr com o marido de Gisèle Pelicot, Dominique, Fabien S. foi a casa do casal em Mazan, no sudeste de França, e encontrou a mulher aparentemente a dormir.

"Eu estava com vontade, não pensei que ela estivesse drogada. Pensei que ela era cúmplice", afirmou Fabien S., acrescentando que ficou "durante quinze minutos", em vez de fugir, porque pensou que ela "ia acordar".

Fabien S., grande utilizador do site que foi encerrado em junho pela justiça francesa, está preso desde 2021, três anos após os acontecimentos.

"Reconheço os factos, mas não fui lá para a violar, não tinha consciência" de que ela estaria inconsciente, disse o acusado, pedindo desculpa a Gisèle Pelicot, sentada na sala, por "poder ter acreditado que ela era cúmplice".

Assim como os outros 50 homens julgados em Avignon, no sul de França, desde 02 de setembro, com perfis muito diferentes, Fabien S. enfrenta 20 anos de prisão por ter forçado atos sexuais a Gisèle Pelicot, de 71 anos, cujo ex-marido, o principal arguido, admitiu ter drogado durante dez anos, para violar e mandar violar por dezenas de homens recrutados pela internet.

Dominique Pelicot afirmou que Fabien S., tal como todos os outros homens que se deslocaram a sua casa, estava "perfeitamente consciente" de que a sua mulher seria drogada sem o seu conhecimento.

Leia Também: Arguido mais novo tinha 21 anos e violou Gisèle no dia em que foi pai

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