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Sudão. Beligerantes usam "táticas para matar à fome" 25 milhões de civis

As Forças Armadas sudanesas e os seus adversários nas Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla inglesa) estão a utilizar "táticas para matar à fome" 25 milhões de civis no Sudão, condenaram hoje peritos da ONU numa declaração.

Sudão. Beligerantes usam "táticas para matar à fome" 25 milhões de civis
Notícias ao Minuto

17/10/24 20:12 ‧ Há 2 Horas por Lusa

Mundo ONU

"Nunca na história moderna tantas pessoas enfrentaram a fome e a inanição como no Sudão de hoje", afirmaram os peritos, mandatados pelo Conselho dos Direitos Humanos mas que não falam em nome da ONU.

 

"Um número impressionante de 97% das pessoas deslocadas no Sudão, bem como os civis que permanecem em casa, estão a enfrentar graves níveis de fome", sublinharam os peritos.

A guerra no Sudão decorre desde 15 de abril de 2023 entre o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF) do seu antigo adjunto, o general Mohammed Hamdane Daglo.

Segundo a ONU, a fome causou dezenas de milhares de mortes, deslocou mais de 10 milhões de pessoas e provocou uma das piores crises humanitárias do mundo.

A fome foi declarada em julho no campo de Zamzam, perto da cidade de Al-Facher, no Darfur.

Trata-se do nível mais elevado de acordo com os critérios muito precisos adotados pelas organizações não-governamentais e agências humanitárias da ONU, com base numa escala conhecida como Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC, na sigla inglesa).

Os peritos sublinham também a situação das 500 mil pessoas que se reuniram neste campo para tentar escapar aos combates e que enfrentam "as piores condições".

Outros campos de deslocados estão "igualmente ameaçados pela fome".

"Para o fim da fome no Sudão, as RSF e as Forças Armadas sudanesas devem parar imediatamente de obstruir a distribuição da ajuda", insistem estes peritos, que apelam também ao fim dos ataques contra as populações locais e a que 'os governos estrangeiros deixem de dar apoio financeiro e militar' às duas fações beligerantes.

"Dois terços da população do Sudão vivem em zonas rurais e os seus meios de subsistência estão a ser destruídos pela guerra. Apelamos às autoridades locais para que facilitem a participação segura nas atividades agrícolas, apoiando os comités de proteção das culturas", sublinharam os peritos.

Na sua declaração, os peritos manifestam-se "consternados pelo facto de os doadores internacionais e os governos não terem cumprido as suas promessas".

Apenas 50,8% do plano de resposta humanitária para o Sudão estabelecido pela ONU, que estima as necessidades de ajuda à população em 1,44 mil milhões de dólares (1,33 mil milhões de euros), foi financiado.

"Antes do início do conflito, dois terços da população sudanesa já viviam em condições de pobreza extrema e, atualmente, um número ainda maior de pessoas enfrenta a perspetiva de miséria total", acrescentam os peritos da ONU, entre os quais Michael Fakhri, Relator Especial sobre o direito à alimentação.

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