O apelo que visa o ano 2025 só será lançado no Dia Internacional dos Migrantes e a OIM quer apostar na migração segura.
"Ao longo de 2025, a OIM trabalhará para aproveitar os benefícios da migração para os países de origem e destino, e para os próprios migrantes", refere a organização liderada por Amy E. Pope.
"É preciso abordar os desafios de níveis sem precedentes de deslocações em todo o mundo", sublinha.
As duas regiões que vão absorver mais financiamento serão, por um lado a zona da África oriental, Corno de África e o Sul de África, para onde deverão ser canalizados 1,6 mil milhões de euros, e por outro, com necessidades financeiras idênticas, a região que engloba o Médio Oriente e o Norte de África.
No total, estas duas grandes áreas do mundo, onde decorrem das maiores crises do planeta - desde fome severa, conflitos no Sudão e doenças agravadas pelas alterações climáticas até à guerra entre Israel e vários dos seus vizinhos e a reconstrução de uma Síria destruída por 13 anos de guerra - necessitam de mais de 40% do total que a OIM exige para 2025.
A zona seguinte que mais precisa de ajuda em termos de migrantes e, consequentemente, de financiamento, é a Europa e a Ásia Central, onde a guerra causada pela invasão da Rússia à Ucrânia tem criado milhões de migrantes e deslocados, mas tem pressionado também as repúblicas vizinhas. Além disso, as rotas que atravessam o Mediterrâneo são das mais mortais do mundo, mas continuam a atrair um número crescente de candidatos.
No próximo ano, a OIM prevê canalizar 1,3 mil milhões de euros para esta região, apenas cerca de 100 milhões de euros mais do pretende atribuir à zona da Ásia-Pacífico, onde as crises climáticas têm causado secas intensas, níveis recorde de calor e vários supertufões.
O valor também não é muito diferente do que será canalizado para a zona das Américas e Caraíbas (1,1 mil milhões de euros), já que, nesta região do mundo, crises como a da Venezuela, do Haiti ou do México com os Estado Unidos vão aprofundando a fuga constante de pessoas das suas casas.
A África Ocidental e Central deverão receber cerca de 700 milhões de euros.
"O contexto em que a OIM trabalha é cada vez mais desafiante. As necessidades humanitárias estão a aumentar à medida que surgem novas emergências que se somam às crises prolongadas existentes e que resultam em níveis recorde de deslocamento", argumenta a organização.
Como sublinha, "as tensões políticas em torno da migração estão a aumentar" e há muitas lacunas na gestão das migrações e desafios relacionados.
Do valor pedido, a organização vai gastar 3 mil milhões de euros a "salvar vidas e reduzir as necessidades de 55 milhões de pessoas", quer em serviços nas crises climáticas e nos conflitos, quer na resposta e preparação para emergências.
Cerca de 2,8 mil milhões de euros servirão para fornecer soluções relacionadas com as causas da deslocação. Para isso, a OIM quer construir medidas para as comunidades afetadas e "envolver-se com as partes interessadas para efetuar mudanças políticas".
Facilitar caminhos para a migração regular necessitará de 1,4 mil milhões de euros, com prioridade na mobilidade laboral, inclusão dos migrantes, combate ao tráfico de seres humanos e acesso à justiça, saúde e condições dignas de retorno, readmissão e reintegração, adianta a OIM.
O dia 18 de dezembro assinala há 24 anos os migrantes de todo o mundo e foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em resposta ao crescente número de pessoas que partem dos seus países.
Este ano, o secretário-geral da ONU, António Guterres, decidiu celebrar as contribuições que milhões de migrantes dão às comunidades, economias e países de todo o mundo e lamentar o preconceito e discriminação de que são alvo, assim como a violência e abusos flagrantes.
"Estes desafios são agravados pela crescente onda de falsidade, desinformação e discurso de ódio que semeia a divisão e distorce os valiosos contributos que os migrantes dão todos os dias", afirmou Guterres numa mensagem a propósito do dia internacional.
Também a União Europeia (UE) -- mais concretamente o Parlamento Europeu -, destino procurado por muitos dos migrantes, se referiu a este fenómeno.
"As migrações fazem e vão continuar a fazer parte da experiência humana, tanto a nível mundial como na UE, como resposta natural à adversidade e à violência de vários tipos", referiu o órgão, em comunicado.
Segundo a mesma fonte, a 01 de janeiro de 2022, 27,3 milhões (6,1%) dos 448,8 milhões de pessoas que viviam na UE eram cidadãos de países terceiros. A maioria dos migrantes -- aproximadamente 2 a 3 milhões por ano -- chegou à UE através dos canais legais.
No entanto, as guerras e as convulsões nos países vizinhos são também provocam a deslocação de pessoas e aumentam as chegadas irregulares de migrantes.
Nos últimos anos, adiantou o organismo, a prioridade dada à migração refletiu-se no orçamento da UE, tendo sido atribuídos 22,7 mil milhões de euros à migração e política de fronteiras para o período 2021-2027 e assinado um novo pacto sobre migração e asilo.
Este pacto, cuja entrada em vigor está planeada para 2026, pode, no entanto, estar já "moribundo", já que cada vez mais Estados-membros, incluindo os 'pesos pesados' Alemanha e França, admitem restringir políticas migratórias e pedem medidas mais duras.
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