"Não vou deixar a situação orçamental sem resposta", disse Bayrou, referindo que quer encontrar apoio entre os socialistas, em resposta ao presidente do Partido Socialista, Boris Vallaud, que questionou se este respeitaria a "frente republicana" ao "rejeitar as ideias da União Nacional" (RN, extrema-direita).
A deputada do RN, Laure Lavalette, tinha pedido antes a François Bayrou, de 73 anos, que definisse as suas prioridades políticas face às "urgências que se acumulam", apelando a uma "lei agrícola de emergência" antes do final do ano e a medidas sobre a imigração.
"Não deixarei nada por resolver e sem resposta. Tentarei resolver todos os problemas que referiu e que estão ligados às divisões da sociedade francesa" e "em diálogo com cada um dos grupos políticos".
"Tentarei resolvê-los tendo em conta todos os que se sentam nestas bancadas", assegurou Bayrou, reiterando o seu compromisso de oferecer a todos "um tratamento justo".
O primeiro-ministro afirmou que "a questão das finanças públicas não é apenas uma questão financeira ou económica, é uma questão moral", defendendo que o país não pode "contrair empréstimos às custas das gerações futuras".
Por essa razão, considera que "é necessário fazer economias", mencionando uma situação de "corresponsabilidade" e do objetivo de "gastar menos para agir melhor".
Questionado pelo ex-ministro do Interior macronista, Gérald Darmanin, sobre a situação no território ultramarino francês de Mayotte, devastado no sábado pelo ciclone Chido, Bayrou falou de um "balanço incerto", com "cerca de vinte mortos, 200 feridos graves e 1.500 feridos em situação de emergência", mas "que pode aumentar".
"O Governo vai lançar um concurso para projetos de habitações muito rápidas, pré-fabricadas (...) e baratas" para ajudar à reconstrução do território", anunciou.
Numa altura em que Bayrou é criticado por todos os grupos políticos por querem acumular dois mandatos e ter optado por ir na segunda-feira a um conselho municipal em Pau, onde é presidente da câmara, a líder da França Insubmissa (LFI, esquerda radical), Mathilde Panot, queixou-se de "subinvestimento crónico".
"Não devia ter ido a Pau para manter um mandato, mas sim à reunião de crise do Eliseu para assumir o seu novo papel", afirmou a deputada, denunciando o "desprezo" do primeiro-ministro pelo arquipélago do oceano Índico.
O primeiro-ministro recusou "separar a vida da província do círculo de poderes em Paris", defendendo a sua presença na câmara municipal de Pau, onde participou por videoconferência na reunião de crise sobre Mayotte com o Presidente Emmanuel Macron, que se deslocará ao território nos próximos dias.
Enquanto Bayrou se limitou hoje a responder a uma pergunta de cada grupo político, no dia 14 de janeiro está prevista a sua declaração de política geral na Assembleia Nacional, muito fragmentada e sem maioria, segundo a agência France-Presse.
François Bayrou prossegue ainda com reuniões com as forças políticas para a formação de um Governo, tendo estado com o Presidente francês, Emmanuel Macron, que o nomeou para o cargo no dia 13 de dezembro, para discutir uma "arquitetura de arranque" para o futuro executivo.
Na terça-feira, três organizações patronais e quatro dos cinco sindicatos dos trabalhadores assinaram uma declaração conjunta dirigida aos líderes políticos, apelando ao regresso à "estabilidade, visibilidade e serenidade", num momento em que a França está fortemente endividada e sem orçamento para 2025, já que o projeto de orçamento da Segurança Social levou à queda do Governo anterior no dia 04 de dezembro.
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