O documento detalha igualmente ações de Pequim que estão a acelerar áreas de conflito essenciais com os Estados Unidos.
No entanto, refere também que a recente onda de acusações de corrupção na poderosa Comissão Militar Central da China, que supervisiona o Exército de Libertação Popular, está a prejudicar o crescimento militar de Pequim e poderá abrandar a sua campanha de modernização.
O impacto, disse um alto responsável da Defesa norte-americana, é um pouco misto, porque, embora tenha havido progressos em alguns programas, a China recuou noutros.
O responsável, que falou à agência de notícias norte-americana, Associated Press (AP), a coberto do anonimato sobre a avaliação feita pelos Estados Unidos, avisou que Pequim está a trabalhar no sentido de desenvolver uma força nuclear mais diversificada e tecnologicamente sofisticada.
Embora o número previsto de ogivas nucleares tenha mantido um crescimento consistente, a China está a ampliar as suas capacidades de alvo: Pequim vai poder atingir mais alvos e diferentes tipos de alvos, causar maiores danos e ter mais opções para múltiplas rondas de contra-ataques, precisou o responsável.
Washington está a instar a China a ser mais transparente em relação ao seu programa nuclear, ao mesmo tempo que avisa de que os Estados Unidos defenderão os seus aliados e tomarão as medidas adequadas em resposta.
Segundo o relatório, que fornece a avaliação anual dos Estados Unidos do poder militar da China e é exigido pelo Congresso, a China tinha mais de 600 ogivas nucleares operacionais em maio deste ano, e Washington espera que tenha mais de 1.000 até 2030.
O Governo do presidente Joe Biden tem trabalhado para manter um equilíbrio com a China, aumentando a presença militar norte-americana na região da Ásia-Pacífico, para estar pronta para retaliar contra Pequim, ao mesmo tempo que incentiva o aumento das comunicações entre os dois países aos níveis diplomático e militar.
Esse aumento das comunicações coincidiu com uma diminuição nas interceções coercivas e arriscadas de aeronaves norte-americanas desde o final de 2023, em comparação com os dois anos anteriores. Contudo, a China ainda faz aquilo que os militares norte-americanos consideram voos "inseguros" perto das forças norte-americanas e aliadas na região.
A estratégia de defesa nacional do Pentágono está construída considerando a China o maior desafio de segurança para os Estados Unidos, e a ameaça de Pequim influencia a forma como as Forças Armadas dos EUA estão equipadas e organizadas para o futuro.
A corrupção dentro do Exército de Libertação Popular (ELP) levou à destituição de pelo menos 15 oficiais de alta patente, o que abalou fortemente a instituição de defesa chinesa.
"Esta onda de corrupção afeta todos os ramos do ELP e pode ter abalado a confiança de Pequim", indica o relatório.
Em junho, a China anunciou que o ex-ministro da Defesa Li Shangfu e o seu antecessor, Wei Fenghe, foram expulsos do Partido Comunista no poder e acusados de corrupção.
No mês passado, outro alto responsável, Miao Hua, foi suspenso e colocado sob investigação, de acordo com o Ministério da Defesa chinês.
O relatório dos Estados Unidos aponta para um aumento persistente da presença militar da China em torno de Taiwan, a ilha autónoma que a China reivindica como sua.
O documento indica que a Marinha chinesa tem estado mais presente na região e que tem havido um aumento das travessias na zona de identificação de defesa aérea da ilha e grandes manobras militares na área.
Ainda na semana passada, um grande destacamento de navios da Marinha e da guarda costeira chinesas nas águas em torno de Taiwan fez soar os alarmes, afirmando as autoridades taiwanesas que parecia que a China estava a simular um bloqueio. As autoridades afirmaram que havia cerca de 90 navios envolvidos no que Taiwan descreveu como dois muros destinados a demonstrar que as águas pertencem à China.
Taiwan separou-se da China comunista em 1949 e tem rejeitado as exigências de Pequim no sentido de aceitar a unificação. A China diz que o fará pela força, se necessário, e os seus líderes declararam que pretendem estar prontos para o fazer até 2027.
Os Estados Unidos são obrigados, nos termos do direito interno, a ajudar a defender Taiwan e a fornecer-lhe armas e tecnologia para impedir uma invasão.
A ilha democrática é há décadas a principal fonte de tensão entre Washington e Pequim e é amplamente encarada como o gatilho mais provável para uma guerra potencialmente catastrófica entre os Estados Unidos e a China.
De uma forma mais geral, o relatório do Pentágono concluiu que o ELP tem continuado a desenvolver maiores capacidades militares, mas "fez progressos irregulares em direção ao seu objetivo de modernização para 2027".
Uma área de expansão, segundo o relatório, é a das aeronaves não-tripuladas, que, segundo as autoridades, estão "rapidamente a aproximar-se dos padrões dos EUA".
Em relação à Rússia, o documento afirma que a China apoiou a guerra russa contra a Ucrânia e vendeu a Moscovo artigos de dupla utilização dos quais a indústria militar russa depende. Os artigos de dupla utilização podem ser usados tanto para fins civis como militares.
Leia Também: CATL planeia infraestrutura em larga escala para troca de baterias