O irmão do suspeito do ataque em Nova Orleães, que deixou, para já, 14 mortos e dezenas de feridos, confessou estar em "choque" com a tragédia no dia de Ano Novo.
"A situação apanhou todos de surpresa", referiu Abdur-Rahim Jabbar à CBS News, acrescentando que o irmão sempre esteve ligado à religião, mas que nunca viu que este se fosse radicalizar.
Segundo o que explicou o jovem, de 24 anos, ele e o irmão, de 42, nunca foram muito próximos devido à diferença de idades, mas aproximaram-se em 2023, aquando tiveram de tomar conta do pai, que teve um acidente vascular cerebral.
Segundo o irmão, o suspeito, Shamsud-Din Jabbar, que também acabou por morrer, tinha passado por um terceiro divórcio. Durante a sua vida, conta ele, sempre foi um "um forte defensor de que o casamento se mantivesse unido". Abdur-Rahim Jabbar acrescentou que o irmão também lhe disse que tinha abandonado "hábitos" como a bebida, as drogas e o sexo fora do casamento.
"Ele era muçulmano praticante desde criança e tudo mais, e acho que se afastou da religião em algum momento de sua vida, e depois voltou a ela", explicou, sublinhando que não o via a radicalizar-se e que a família está em choque também.
O irmão já falou com o FBI, que investiga a situação e não tem dúvidas acerca de uma ligação ao autoproclamado Estado Islâmico (Daesh), que terá começado "antes do verão", segundo o que foi dito na quinta-feira em conferência de imprensa.
Segundo o irmão mais novo, o comportamento Shamsud-Din Jabbar tinha mudado recentemente. À publicação disse que o modo de vestir do irmão se tornou mais modesto, assim como foram retiradas tatuagens do seu corpo.
"Nada disto parece real, mas a cada momento que alguém me procura - jornalistas, qualquer pessoa, o FBI - isto solidifica-se como sendo real", explicou Abdur-Rahim Jabbar, rematando: "Também não consigo imaginar o que as famílias [das vítimas] estão a passar. Tenho a certeza de que estão a sofrer tanto como eu, como a minha família".
Note-se que Shamsud-Din Jabbar avançou com um carro numa zona de Nova Orleães, no estado norte-americano de Luisiana, na madrugada de Ano Novo. deixou pelo menos 14 mortos e dezenas de feridos.
Em conferência de imprensa, o FBI garantiu que o homem tinha ligações ao Daesh, mas que para já não havia ninguém que estivesse provado como envolvido na situação. As autoridades estão, no entanto, a seguir o rasto de outras pessoas, inclusive, noutros estados. Estão empenhados na investigação mais de mil agentes, que verificam as imagens de videovigilância.
Nas redes sociais o suspeito deixou mensagens em que prestava apoio ao Daesh, tendo mesmo dito que já tinha planeado magoar a família, mas recuou convencido de que as notícias consequentes não se iriam concentrar "na guerra entre os crentes e os não-crentes".
Note-se que uma das vítimas mortais é um lusodescendente. Matthew Tenedório tinha 25 anos e era neto e filho de emigrantes de Vila Nova de Cerveira, no Minho.
Note-se ainda que as autoridades já afastaram qualquer ligação entre este ataque e um outro que aconteceu com diferença de outras junto ao Hotel Internacional Trump em Las Vegas, no nevada, onde um militar no ativo morreu com um ferimento de bala "autoinfligido". O carro onde seguia, um tesla Cybertruck explodiu, tendo foguetes no interior e a tragédia deixou ainda sete pessoas feridas com pouca gravidade. Este homem, de 37 anos, deixa uma filha bebé, e teria sido deixado pela esposa na altura do Natal. Antes de morrer contactou algumas ex-namoradas e um familiar, o tio, diz que este era "patriota" e que "adorava Trump".
Leia Também: Homem que morreu em Tesla tinha ferimento de bala na cabeça, diz polícia
Leia Também: Relatório de 2019 já alertava para perigo de terrorismo em Nova Orleães