Desde o segundo trimestre de 2024, as forças de segurança de Hong Kong receberam 28 pedidos de assistência de residentes "alegando estarem detidos em países do Sudeste Asiático e impedidos de partir".
O Gabinete para a Segurança disse que 16 já conseguiram regressar a Hong Kong, enquanto os restantes 12 "relataram restrições de movimento, mas estavam ainda em segurança e conseguiram contactar as suas famílias" ou as autoridades.
Num comunicado, o gabinete admitiu que "têm surgido sinais de um ressurgimento" de residentes da região semiautónoma chinesa "atraídos para países do Sudeste Asiático e detidos para se envolverem em trabalho ilegal".
Uma equipa especial, formada em agosto de 2022 por elementos da Polícia de Hong Kong e do Departamento de Imigração, vai viajar hoje para a Tailândia.
A delegação vai reunir-se com representantes do Ministério da Justiça da Tailândia que integram o Comité Anti-Tráfico de Pessoas, presidido pela primeira-ministra tailandesa Paetongtarn Shinawatra.
O objetivo é "trocar informações e solicitar às autoridades competentes que ajudem tanto quanto possível no resgate dos requerentes de assistência", referiu o comunicado.
Também hoje, a Polícia Judiciária (PJ) da vizinha região chinesa de Macau disse ter impedido que um residente fosse vítima de tráfico humano para um centro dedicado à burla e extorsão no exterior.
O comunicado das autoridades de Hong Kong surge quatro dias depois da polícia da Tailândia ter anunciado o resgate do ator chinês Wang Xing, que terá sido raptado em território tailandês e detido num centro na vizinha Myanmar (antiga Birmânia).
O desaparecimento de Wang recebeu atenção depois de a namorada do ator, que participou em séries populares na televisão chinesa, ter pedido ajuda nas redes sociais chinesas, disse o jornal estatal chinês The Global Times.
Em 27 de dezembro, a PJ de Macau disse que cinco residentes tinham sido vítimas de tráfico humano para centros, em Taiwan e Camboja, enganados com falsas promessas de uma remuneração elevada para supostos empregos.
Centenas de milhares de pessoas, a maioria dos quais chineses, têm sido alvo de tráfico humano para centros no Sudeste Asiático, onde são forçados a defraudar compatriotas através da Internet, de acordo com um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Pelo menos 120 mil pessoas foram traficadas para Myanmar e cerca de 100 mil para o Camboja, apontou-se no relatório, divulgado em agosto de 2023.
Em 2019, uma operação coordenada entre a polícia de Taiwan e as autoridades portuguesas desmantelou um centro que operava a partir de Cascais e defraudava vítimas na China continental através do telefone.
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