O objetivo, refere a organização internacional em comunicado hoje divulgado, é apoiar 8,2 milhões de pessoas afetadas pela crise quer dentro da Ucrânia, quer fora, numa altura em que o país está prestes a completar três anos em guerra.
No país, "as organizações humanitárias na Ucrânia pretendem ajudar 6 milhões de pessoas em 2025 com alimentos, cuidados de saúde, abrigo, assistência financeira, educação de emergência, proteção e outros serviços vitais", explica a ONU.
"Com financiamento e acesso suficientes, os agentes humanitários podem continuar a prestar ajuda em todo o país, incluindo nas comunidades próximas da linha da frente", acrescentou.
De acordo com as Nações Unidas, o foco será dado aos grupos mais vulneráveis, ou seja, as crianças, os idosos e as pessoas com deficiência, "muitos dos quais enfrentam o isolamento e barreiras no acesso à ajuda".
O Plano de Resposta e Necessidades Humanitárias da Ucrânia precisa de 2,5 mil milhões de euros para satisfazer estas necessidades.
As organizações humanitárias pretendem ainda apoiar 11 países de acolhimento na região, "à medida que estes alargam a proteção e incluem mais de 2 milhões de refugiados nos seus sistemas nacionais em 2025 e 2026".
Isto permitirá aos refugiados ter acesso a habitação, trabalho digno, cuidados de saúde e serviços jurídicos e de proteção especializados, argumenta a ONU, adiantando que continuará a ser dada ajuda aos refugiados para acederem a proteção social e, no caso dos mais vulneráveis, para receberem dinheiro para as suas necessidades básicas.
Ao mesmo tempo, será direcionada ajuda para crianças em risco e para sobreviventes de violência de género.
O plano, que é hoje lançado em Kiev, com o Governo da Ucrânia, realça a importância da solidariedade internacional para sustentar os esforços humanitários essenciais em 2025.
"Estou impressionado com a determinação do povo ucraniano em avançar perante imensas dificuldades", afirmou o líder do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Tom Fletcher, que visitou recentemente várias comunidades afetadas na Ucrânia.
"Essas comunidades são a linha da frente da resposta humanitária e precisam do nosso apoio e solidariedade mais do que nunca", disse, citado no comunicado da ONU.
"Agora, precisamos que a comunidade internacional apoie seriamente estes planos para que possamos mostrar o mesmo poder de resistência do povo da Ucrânia", referiu.
Também o alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, se referiu a uma visita a vários países que acolheram refugiados ucranianos, sublinhando que a comunidade internacional não pode esquecer agora "os milhões de ucranianos que foram forçados a fugir das suas casas e, no caso de muitos, do seu país".
Segundo Filippo Grandi, os países que acolhem refugiados ucranianos "têm feito um trabalho incrível ao longo dos últimos três anos para proporcionar segurança e uma sensação de normalidade" a quem tem de reiniciar as suas vidas em novas comunidades e é preciso "continuar a sustentar a esperança" que tem sido proporcionada.
A ONU aproveitou ainda para referir que, no ano passado, apesar do subfinanciamento e das restrições de acesso, os parceiros humanitários na Ucrânia conseguiram dar ajuda alimentar a quase 3 milhões de pessoas e fornecer água, saneamento e apoio de higiene a cerca de 5,8 milhões de pessoas, principalmente nas regiões da linha da frente.
Além disso, possibilitaram o acesso a serviços médicos e de saúde a dois milhões de pessoas e abrigo, educação, serviços de proteção e assistência financeira a vários outros milhões.
Nos países que acolhem refugiados, os parceiros só conseguiram um terço das necessidades financeiras, mas deram acesso a aconselhamento jurídico, apoio à saúde mental e proteção contra violência de género a um milhão de pessoas.
Além disso, 330.000 pessoas tiveram acesso a habitação e algum dinheiro para necessidades básicas e 300.000 crianças em risco receberam assistência especializada.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste do país vizinho, independente desde 1991 e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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